segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Vinicius de Moraes - Samba da Benção

Mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não.

Senão é como amar uma mulher só linda... e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher...

Pet peeve lingüístico: MAIS BEM

Para quem aprecia organizar letrinhas ou vê-las concatenadas de maneira agradável, 2007 foi um ano ambíguo. Bom, obviamente agora vou reduzir o ano inteiro a dois aspectos opostos que girem em torno do tema introduzido há pouco. Lá vai...

- O gerundismo teve sua sentença de morte decretada no Diário Oficial do Distrito Federal. Quando um cacoete desagradável vira factóide político, pode ter certeza que já está de malas prontas para o limbo das pérolas, onde mora "a nível de".

- Uma nova desgraça nos assola... O "mais bem" veio com tudo nesse ano, servindo até de recurso para desqualificar nosso ex-presidente intelequitual. Pouco importa saber que há casos em que "melhor" está errado, se o certo for essa expressão foneticamente desagradável prefiro reescrever a frase inteira e me esquivar desta maledetta. Vamos ver um exemplo, extraído do UOL:
Assim, Dunga aparece como mais bem avaliado do que Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari em períodos de tempo semelhantes no time nacional.

Francamente, será que é tão difícil assim escrever "com uma avaliação melhor/superior às de Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari..."?

Tomara que o novo ano cuide dessa nova praguinha lingüística!

Feliz fim de ano!

domingo, 16 de dezembro de 2007

"Chega de saudade"

Outro dia após uma ensolação escaldante
Vivenciei a minha primeira miragem messiânica

Não surgiram línguas de fogo, nem o diabo a me tentar
Com seu embuste de areia

Porém como em milênios de outrora,
Passei por epifanias enquanto caminhava no
Deserto solitário.

Delirei, louvei...
Transcendi?

O saber técnico contemporâneo
Deve até discordar
E como todo ser totalitário
Imporá sua versão sem espaço para debate.

Passadas as horas do transe
(acordado pelo sol de madrugada)
Fico sem saber mais o que é real
(questiúncula desimportante, aliás)

Só torço para a ninfa de então
Suportar o elemental da água
E que nos reencontremos um dia
No reino da fantasia.

from <__________@gmail.com>
to _______@hotmail.com,

date Dec 14, 2007 9:08 AM
subject "Chega de saudade"
mailed-by gmail.com

sábado, 15 de dezembro de 2007

Concreto: uma rocha entre rochas - Paul Chadwick



"...I've learned to accept that there are things I just can't do...

There will always be barriers between me and what normal people can do.

But every adult must eventually face the limitations of his life. We don't get to do and have everything.

We play the cards we're dealt."


Concrete


The Road Not Taken - Robert Frost (1874-1963)

TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

[first published in Mountain Interval, 1920]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Priorizem as prioridades - BNegão

Pois se a liberdade hoje se parece com 1 cigarro ou com o carro mais potente do mercado
Me desculpe, mas as bolas foram trocadas bem na sua frente
E você nem se tocou; pagou, comprou, levou assim mesmo o seu atual presente: felicidade completa como uma boca sem dente, tão libertário quanto uma bola de ferro com corrente algemada aos seus pés.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

INCOMPREENSÍVEL PARA AS MASSAS -- Maiakóvski

[Um poeminha em homenagem às pessoas que fogem ao comportamento absurdamente típico da maioria (ou da média... que consegue ser ainda mais nefasta que a maioria).]


Entre escritor
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
Não tolera
linhas breves.
E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu
silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para
todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a vós,
a mim,
ao camponês e ao operário.
(Tradução de Haroldo de Campos)

domingo, 9 de dezembro de 2007

Eta Carinae

Extraído daqui
Eta Carinae está no fim da vida. Com cerca de 2,5 milhões de anos, restam a ela no máximo 500 mil anos. O problema é que a morte da estrela nesse estágio poderá causar um grande impacto na vida da Terra. Estrelas com essa massa morrem como hipernovas, brilhando como todas as estrelas do Universo juntas (100 bilhões de vezes 100 bilhões de sóis). Esse ''flash'' inimaginável emitiria uma rajada de raios gama capaz de abrir um rombo na camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol. Em questão de horas, regiões inteiras do planeta seriam torradas. Como a estrela já está expelindo átomos pesados, essa explosão pode acontecer, literalmente, a qualquer momento.


Resenha do showzinho... assim que voltarmos dos comerciais!

Teclando aleatoriamente

Me lambuzo com esse doce deleite,
Brincando com as palavras,
.Infâmia inconseqüente..
Apresentando aliterações que não
passam de uma desculpa esfarrapada
que justifique o uso da trema.

Me inebria esse quebra-cabeça de orações
subordinadas adversativas com seus múltiplos
caminhos possíveis.

A retórica que pode ser ajustada.
Ora é "tapa de pelica" com afeto
Ou então "esmaga o opressor, aniquila, fulmina"

Falo de palavras com o mesmo fascínio
do exímio espadachim por sua lâmina.
As mãos que anseiam ferir
através da ferramenta cortante.
Mostrando de forma cerimonial toda letalidade latente.

Por vezes sinto um fluxo torrencial de palavras
que exigem serem escritas a um ritmo frenético de
milhares de teclas por minuto,
feito uma submetralhadora de uso exclusivo militar,
que estraçalha a esmo...
Ao arrepio das leis.

Fico então em cárcere privado.
Me acompanham os fonemas e sintaxe
num processo que não parece
ter fim.

Um diálogo que pode ser vetado

Abaixo transcrevo um post do Reinaldo Azevedo, acompanhada do meu comentário logo em seguida. Como ele modera o debate (assim como eu) em seu bloguinho decidi que caberia colocar aqui só para lembrar...

Samba-do-crioulo-doido. Ou ziriguidum, balacobaco, telecoteco...

Por Nicola Pamplona, no Estadão de hoje. Volto depois:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com a liberação de R$ 12 milhões para as 12 escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca. O dinheiro virá da Petrobrás e das companhias petroquímicas Braskem e Unipar. Segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), um dos objetivos é afastar “más influências” das escolas, que têm histórico de ligação com o jogo do bicho e com o tráfico de drogas. “(As escolas de samba) precisam de autonomia para que más influências não prejudiquem um patrimônio do povo brasileiro”, afirmou Cabral, lembrando que o carnaval foi tombado como patrimônio cultural pelo Ministério da Cultura. Questionado sobre quais seriam as más influências, desconversou: “Qualquer má influência.” (...)
A ajuda às escolas de samba foi definida em reunião ontem pela manhã no Hotel Glória, zona Sul do Rio, com representantes das agremiações e da Petrobrás, além de Gilberto Gil (Cultura). Na saída, Gil admitiu que o apoio do governo pode reduzir a participação da criminalidade no carnaval carioca. “Não é a partir disso que o Ministério da Cultura se move no sentido de um parceiro, mas ajuda. Todo aporte de recursos a ações culturais da comunidade é um fator inibidor dos riscos da ilegalidade, do convívio com a criminalidade”, disse Gil, sem informar como será a fiscalização dos gastos dessa verba.
Assinante lê mais aqui

Voltei
Sei... É a lógica do “eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui, pedindo..”. Imaginem se um evento como o desfile das escolas do Rio precisa de dinheiro oficial... Por quê? Não há ninguém no mercado interessado em patrocinar as escolas? Isso me lembra a conversa mole do financiamento público de campanha: “Ah, se o dinheiro for do Estado, não haverá mais grana ilícita na eleição”. Vocês sabem: é mentira. Sem uma severa punição para o financiamento ilegal, ele continuará a acontecer e vai se somar ao dinheiro público.

A infiltração das escolas pelo narcotráfico é realmente investigada e punida, ou se faz de conta que tudo é muito normal (com receio de prejudicar o espetáculo)? Vocês conhecem a resposta. Aí disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil, com aquela sua sintaxe-elástico, sempre espichando o simples para lhe conferir aparência de complexidade: “Não é a partir disso que o Ministério da Cultura se move no sentido de um parceiro, mas ajuda. Todo aporte de recursos a ações culturais da comunidade é um fator inibidor dos riscos da ilegalidade, do convívio com a criminalidade”.

É uma mentira teórica e prática. Também a cultura pode estar infiltrada pelo crime, especialmente pelo narcotráfico. É o caso dos bailes funk e das escolas de samba. Ademais, note-se: tratam-se R$ 12 milhões como se fossem uma mixaria. Quem vai prestar contas pelo dinheiro? Como? A quem? Com que fiscalização?



Que pitizinho mais fora de lugar. Primeiro o sr apelou no titulo para aquela imagem tangencialmente racista (desculpa, eu queria encontrar uma palavra em português que fosse equivalente a "borderline")...

Carnaval pode ser algo meio patético em SP, mas aqui no Rio leva-se muito a sério e realmente faz-se necessário dar um apoio adicional num momento em que o antigo presidente da Liesa (Liga das Escolas de Samba) se encontra no xilindró.

Essa ladainha pseudoliberalista de oposição é muito fraca, sr. Reinaldo... Como tenho algum tempo livre vou aproveitar para descrever todas as medidas que foram tomadas pelo governo (federal, estadual e municipal) para ajudar a melhorar a nossa Festinha Profana:

- A Prefeitura construiu a Cidade do Samba para abrigar os barracões num espaço público com maior potencial turístico (posto que junta todas escolas num mesmo lugar e não fica em área de risco)

- A Polícia Federal desbaratou uma quadrilha que estava envolvida nos mais diversos problemas (e ainda contava com a participação de desembargadores)

- Na órbita estadual implantou-se uma nova política de segurança pública que pode ser resumida de forma bem simples: "Bandido é bandido. Polícia é polícia."

Espero que esses tópicos sejam esclarecedores, mas se for complexo eu posso até desenhar...

Agora para responder às suas críticas sobre falta de accountability (ou responsabilização) e da intervenção estatal...

+ A festa é vista por milhões de pessoas... Se embolsarem a grana vai ficar meio evidente. A princípio a preocupação parece ser simplesmente ocupar o vácuo dos contraventores e não deixar espaço para traficantes (vide o caso do presidente da Estação Primeira de Mangueira com o Beira-Mar)

+ Eu acho bobo quando alguém critica "intervencionismo estatal" quase por reflexo involuntário (como no seu caso). Há algum consenso entre economistas os mais liberais (preferimos o termo "mainstream") de que em alguns setores pode ser interessante os agentes públicos incentivarem atividades. Pense no Carnaval Carioca como uma "indústria nascente". No futuro ela pode até ganhar viabilidade econômica com o patrocínio de grandes empresas (privadas ou não), mas por ora os únicos financiadores particulares são os narcoempreendedores.

Acho que ficou bem claro, agora (heheh)

Abraço.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Eta Carinae -- Graça Maior

(Dirceu Melo)

Quando o sol surgiu pra mim
Com a sua graça maior
E eu vi que tinha você,
Do meu lado
Percebi que o tempo parou de passar,
Na vida tudo tem seu lugar
Não há um fim pra onde podemos chegar.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Reminiscências de 2006



querubim. [do hebr. kerubin, pl. de kerub, atr. do lat. cherubin.] S.f. 3. Fig. Criança muito linda

"Mergulhei na minha vida quando te conheci
Um dia de inverno no meio de qualquer outro."

(Curioso como era sempre assim:
Voltando chato da escola
Indeciso entre ligar a TV ou esperar um milagre.)

"Estávamos..."

(Não, na verdade nunca "estávamos" nada antes!
Podia ser difícil acreditar nessa tristeza
Meio angst indizível e tão juvenil.
Como se fosse uma ilha ou autista
E nunca houvera tratado semelhantes.
Ou talvez – com menos empáfia –, sentira um mundo em possibilidade,
Delirantes maravilhas incríveis.)

"Mas faltavam palavras que coubessem nas horas.
A linguagem engasgava. Palpitação mórbida."

(São tantas versões de fato
Tem aquela – ótima –
Onde simplesmente nos apresentávamos,
Passando uma noite em sociedade anônima
Bebendo e fumando cultura pop.)

(São várias folhas em branco
Escritos os nomes em linhas gerais
E algumas indicações de palco.)

(Confesso que o improviso estranho
Deu sabor meio engraçado
Àquela madrugada de agosto.)

“Melhor seria não fosse o triálogo desequilibrado
A vexar o concerto.”

(Ah, mas isso é puro recalque!
Pra ser sincero,até gostava do cara.
Sem ironia: mais uma vez agradeço,
Com ironia: seu arquétipo tem lugar garantido.)

(Não faço questão de mal nem me desculpo.
Somos (eu, você e o acaso) co-autores
E responsáveis pelos feitos.)

[8-nov-2006 às 16h17min]

domingo, 25 de novembro de 2007

Sound of your voice - Barenaked ladies (with video!)

Uma musiquinha lesgal com um clipe divertido de uma dupla de dois humoristas americanos da geração internética, BaratsAndBereta:



The moon is full but there is an incompleteness
The days are beautiful but I feel a bitter sweetness
If I had a wish, or even a choice
I'd wake up to the sound of your voice
How I miss waking up to the sound of your voice

I let you down and fell right off of your good list
I hope each day you'll find peace and forgiveness
The alarm clock rings, What a lonely noise
And I long for the sound of your voice
Oh, how I miss waking up to the sound of your voice

Take it from me: there's not much to see
In this void

The saying goes there will be other dances (don't give up)
This little song is about second chances
Just say the word and I will rejoice
And wake up to the sound of your voice
Oh, how I miss waking up to the sound
To the sound (sound)
To the sound (to the sound)
To the sound
Waking up to the sound of your voice

Take it from me: there's not much to see
In this void

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Basta de clamares inocência -- Cartola

Basta de clamares inocência
Eu sei todo mal que a mim você fez
Você desconhece consciência
Só deseja o mal
A quem o bem te fez

Basta, não ajoelhes, vá embora
Se estás arrependido
Vê se chora

Quando você partiu me disse chora
Não chorei
Caprichosamente fui esquecendo
Que te amei

Hoje tu me encontras
Tão alegre e diferente
Jesus não castiga
O filho que está inocente

Basta, não ajoelhes, vá embora
Se estás arrependido
Vê se chora
Não é a música perfeita para o momento específico, mas tem muito a ver mesmo assim. Além disso a letra é sensacional!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Guerra e Paz

- I : Escalada -

O aroma de terra molhada antecipa
Pancadas
De chuva por vir

Essa chuva que cai maneira
É tagarela
E criptografa no céu:
"Não temas o trovão, meu filho...
Mas se quiseres a paz,
Então prepara-te para a guerra."

Espontaneamente separo
Meu uniforme de campanha
E escrevo cartas-testamento
Jurando amor após a morte (inevitável)
A tantas mulheres desta vida breve
(Mesmo àquelas que sequer conheci)

O clamor de trombetas me impele,
Subjugando o medo que contraria meu coração

As conversas diplomáticas desandaram
E a tempestade lá fora
É enchente de lágrimas coletivas
Que inundam salgadas
De dores e traumas
Sofridos
Por antecipação.

- II : Choque -

Decerto não amo o conflito,
Tampouco desejo ver correndo
O sangue alheio por minhas mãos.

De que me importa o motivo mais nobre a lavar a alma
Se a avalanche de mágoas e corpos
Soterrará minha parca redenção?

Oh, Deus, escutai essa prece...
"Oxalá que fôra possível apaziguar o atrito
E unir a todos durante a ceia
Em louvor ao nascimento de Vosso filho
(Feito uma enorme família feliz)."

Mas os céus foram bem claros:
"Não há escapatória.
Se quiseres a paz,
Então prepara-te para a guerra"

Por favor me proteja, ó Pai...

- III : Sobrevida -

A glória da batalha veio em vão.
E concordo com Pirro, que ceticamente indaga:
"Vitória?"

O tempo há de cauterizar as feridas
E transfigurar chagas em cicatrizes
Que eternamente nos lembrarão
Das perdas e baixas desta lida.

Mais tarde, quando o Tribunal dos Pecados
Me intimar e pesar meus mortos,
Minha única defesa a proferir será:
"Peço desculpas a todos os corações partidos.
Eu só quis a paz
E é justamente por isso
Que vim, vi e venci
A guerra."

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Untimely declaration of war

- I : Call to arms -

Vez por outra a desgraça me comove
E mesmo contrariado, pego em armas.
Sem medo de usá-las, ainda choro.
Do conflito em escalada
Não há escapatória:

"Eu sei que vou sofrer..."
Eu sei que vou matar.
Quero sobreviver
Pelos destroços
Ressuscitar.
Vencer só por vencer
Não sei
Comemorar.


- II : Deterrence -

"Se há sangue correndo nas ruas
Compre ações."
Há um lado de mim nefasto
Programado para matar.
Nem poético, nem democrático,
Sim truculento e implacável.

E esse barril de pólvora é apólice
que assegura minha humanidade.
É meu filhote de pitbull assassino
que se deleita ao dilacerar.

Cultivo a violência com apuro e carinho
para não sucumbir ao fascínio
para que ainda seja eficaz
e não tenha que usá-la.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Andrew Sullivan -- Goodbye to All That (part I)

The logic behind the candidacy of Barack Obama is not, in the end, about Barack Obama. It has little to do with his policy proposals, which are very close to his Democratic rivals’ and which, with a few exceptions, exist firmly within the conventions of our politics. It has little to do with Obama’s considerable skills as a conciliator, legislator, or even thinker. It has even less to do with his ideological pedigree or legal background or rhetorical skills. Yes, as the many profiles prove, he has considerable intelligence and not a little guile. But so do others, not least his formidably polished and practiced opponent Senator Hillary Clinton.



Obama, moreover, is no saint. He has flaws and tics: Often tired, sometimes crabby, intermittently solipsistic, he’s a surprisingly uneven campaigner.



A soaring rhetorical flourish one day is undercut by a lackluster debate performance the next. He is certainly not without self-regard. He has more experience in public life than his opponents want to acknowledge, but he has not spent much time in Washington and has never run a business. His lean physique, close-cropped hair, and stick-out ears can give the impression of a slightly pushy undergraduate. You can see why many of his friends and admirers have urged him to wait his turn. He could be president in five or nine years’ time—why the rush?



But he knows, and privately acknowledges, that the fundamental point of his candidacy is that it is happening now. In politics, timing matters. And the most persuasive case for Obama has less to do with him than with the moment he is meeting. The moment has been a long time coming, and it is the result of a confluence of events, from one traumatizing war in Southeast Asia to another in the most fractious country in the Middle East. The legacy is a cultural climate that stultifies our politics and corrupts our discourse.



Obama’s candidacy in this sense is a potentially transformational one. Unlike any of the other candidates, he could take America—finally—past the debilitating, self-perpetuating family quarrel of the Baby Boom generation that has long engulfed all of us. So much has happened in America in the past seven years, let alone the past 40, that we can be forgiven for focusing on the present and the immediate future. But it is only when you take several large steps back into the long past that the full logic of an Obama presidency stares directly—and uncomfortably—at you.



At its best, the Obama candidacy is about ending a war—not so much the war in Iraq, which now has a mo­mentum that will propel the occupation into the next decade—but the war within America that has prevailed since Vietnam and that shows dangerous signs of intensifying, a nonviolent civil war that has crippled America at the very time the world needs it most. It is a war about war—and about culture and about religion and about race. And in that war, Obama—and Obama alone—offers the possibility of a truce.



The traces of our long journey to this juncture can be found all around us. Its most obvious manifestation is political rhetoric. The high temperature—Bill O’Reilly’s nightly screeds against anti-Americans on one channel, Keith Olbermann’s “Worst Person in the World” on the other; MoveOn.org’s “General Betray Us” on the one side, Ann Coulter’s Treason on the other; Michael Moore’s accusation of treason at the core of the Iraq War, Sean Hannity’s assertion of treason in the opposition to it—is particularly striking when you examine the generally minor policy choices on the table. Something deeper and more powerful than the actual decisions we face is driving the tone of the debate.



Take the biggest foreign-policy question—the war in Iraq. The rhetoric ranges from John McCain’s “No Surrender” banner to the “End the War Now” absolutism of much of the Democratic base. Yet the substantive issue is almost comically removed from this hyperventilation. Every potential president, Republican or Democrat, would likely inherit more than 100,000 occupying troops in January 2009; every one would be attempting to redeploy them as prudently as possible and to build stronger alliances both in the region and in the world. Every major candidate, moreover, will pledge to use targeted military force against al-Qaeda if necessary; every one is committed to ensuring that Iran will not have a nuclear bomb; every one is committed to an open-ended deployment in Afghanistan and an unbending alliance with Israel. We are fighting over something, to be sure. But it is more a fight over how we define ourselves and over long-term goals than over what is practically to be done on the ground.



On domestic policy, the primary issue is health care. Again, the ferocious rhetoric belies the mundane reality. Between the boogeyman of “Big Government” and the alleged threat of the drug companies, the practical differences are more matters of nuance than ideology. Yes, there are policy disagreements, but in the wake of the Bush administration, they are underwhelming. Most Republicans support continuing the Medicare drug benefit for seniors, the largest expansion of the entitlement state since Lyndon Johnson, while Democrats are merely favoring more cost controls on drug and insurance companies. Between Mitt Romney’s Massachusetts plan—individual mandates, private-sector leadership—and Senator Clinton’s triangulated update of her 1994 debacle, the difference is more technical than fundamental. The country has moved ever so slightly leftward. But this again is less a function of ideological transformation than of the current system’s failure to provide affordable health care for the insured or any care at all for growing numbers of the working poor.



Even on issues that are seen as integral to the polarization, the practical stakes in this election are minor. A large consensus in America favors legal abortions during the first trimester and varying restrictions thereafter. Even in solidly red states, such as South Dakota, the support for total criminalization is weak. If Roe were to fall, the primary impact would be the end of a system more liberal than any in Europe in favor of one more in sync with the varied views that exist across this country. On marriage, the battles in the states are subsiding, as a bevy of blue states adopt either civil marriage or civil unions for gay couples, and the rest stand pat. Most states that want no recognition for same-sex couples have already made that decision, usually through state constitutional amendments that allow change only with extreme difficulty. And the one state where marriage equality exists, Massachusetts, has decided to maintain the reform indefinitely.



Given this quiet, evolving consensus on policy, how do we account for the bitter, brutal tone of American politics? The answer lies mainly with the biggest and most influential generation in America: the Baby Boomers. The divide is still—amazingly—between those who fought in Vietnam and those who didn’t, and between those who fought and dissented and those who fought but never dissented at all. By defining the contours of the Boomer generation, it lasted decades. And with time came a strange intensity.



The professionalization of the battle, and the emergence of an array of well-funded interest groups dedicated to continuing it, can be traced most proximately to the bitter confirmation fights over Robert Bork and Clarence Thomas, in 1987 and 1991 respectively. The presidency of Bill Clinton, who was elected with only 43 percent of the vote in 1992, crystallized the new reality. As soon as the Baby Boomers hit the commanding heights, the Vietnam power struggle rebooted. The facts mattered little in the face of such a divide. While Clinton was substantively a moderate conservative in policy, his countercultural origins led to the drama, ultimately, of religious warfare and even impeachment. Clinton clearly tried to bridge the Boomer split. But he was trapped on one side of it—and his personal foibles only reignited his generation’s agonies over sex and love and marriage. Even the failed impeachment didn’t bring the two sides to their senses, and the election of 2000 only made matters worse: Gore and Bush were almost designed to reflect the Boomers’ and the country’s divide, which deepened further.



The trauma of 9/11 has tended to obscure the memory of that unprecedentedly bitter election, and its nail- biting aftermath, which verged on a constitutional crisis. But its legacy is very much still with us, made far worse by President Bush’s approach to dealing with it. Despite losing the popular vote, Bush governed as if he had won Reagan’s 49 states. Instead of cementing a coalition of the center-right, Bush and Rove set out to ensure that the new evangelical base of the Republicans would turn out more reliably in 2004. Instead of seeing the post-’60s divide as a wound to be healed, they poured acid on it.

Goodbye to All That (part II)

With 9/11, Bush had a reset moment—a chance to reunite the country in a way that would marginalize the extreme haters on both sides and forge a national consensus. He chose not to do so. It wasn’t entirely his fault. On the left, the truest believers were unprepared to give the president the benefit of any doubt in the wake of the 2000 election, and they even judged the 9/11 attacks to be a legitimate response to decades of U.S. foreign policy. Some could not support the war in Afghanistan, let alone the adventure in Iraq. As the Iraq War faltered, the polarization intensified. In 2004, the Vietnam argument returned with a new energy, with the Swift Boat attacks on John Kerry’s Vietnam War record and CBS’s misbegotten report on Bush’s record in the Texas Air National Guard. These were the stories that touched the collective nerve of the political classes—because they parsed once again along the fault lines of the Boomer divide that had come to define all of us.



The result was an even deeper schism. Kerry was arguably the worst candidate on earth to put to rest the post-1960s culture war—and his decision to embrace his Vietnam identity at the convention made things worse. Bush, for his part, was unable to do nuance. And so the campaign became a matter of symbolism—pitting those who took the terror threat “seriously” against those who didn’t. Supporters of the Iraq War became more invested in asserting the morality of their cause than in examining the effectiveness of their tactics. Opponents of the war found themselves dispirited. Some were left to hope privately for American failure; others lashed out, as distrust turned to paranoia. It was and is a toxic cycle, in which the interests of the United States are supplanted by domestic agendas born of pride and ruthlessness on the one hand and bitterness and alienation on the other.



This is the critical context for the election of 2008. It is an election that holds the potential not merely to intensify this cycle of division but to bequeath it to a new generation, one marked by a new war that need not be—that should not be—seen as another Vietnam. A Giuliani-Clinton matchup, favored by the media elite, is a classic intragenerational struggle—with two deeply divisive and ruthless personalities ready to go to the brink. Giuliani represents that Nixonian disgust with anyone asking questions about, let alone actively protesting, a war. Clinton will always be, in the minds of so many, the young woman who gave the commencement address at Wellesley, who sat in on the Nixon implosion and who once disdained baking cookies. For some, her husband will always be the draft dodger who smoked pot and wouldn’t admit it. And however hard she tries, there is nothing Hillary Clinton can do about it. She and Giuliani are conscripts in their generation’s war. To their respective sides, they are war heroes.



In normal times, such division is not fatal, and can even be healthy. It’s great copy for journalists. But we are not talking about routine rancor. And we are not talking about normal times. We are talking about a world in which Islamist terror, combined with increasingly available destructive technology, has already murdered thousands of Americans, and tens of thousands of Muslims, and could pose an existential danger to the West. The terrible failures of the Iraq occupation, the resurgence of al-Qaeda in Pakistan, the progress of Iran toward nuclear capability, and the collapse of America’s prestige and moral reputation, especially among those millions of Muslims too young to have known any American president but Bush, heighten the stakes dramatically.



Perhaps the underlying risk is best illustrated by our asking what the popular response would be to another 9/11–style attack. It is hard to imagine a reprise of the sudden unity and solidarity in the days after 9/11, or an outpouring of support from allies and neighbors. It is far easier to imagine an even more bitter fight over who was responsible (apart from the perpetrators) and a profound suspicion of a government forced to impose more restrictions on travel, communications, and civil liberties. The current president would be unable to command the trust, let alone the support, of half the country in such a time. He could even be blamed for provoking any attack that came.



Of the viable national candidates, only Obama and possibly McCain have the potential to bridge this widening partisan gulf. Polling reveals Obama to be the favored Democrat among Republicans. McCain’s bipartisan appeal has receded in recent years, especially with his enthusiastic embrace of the latest phase of the Iraq War. And his personal history can only reinforce the Vietnam divide. But Obama’s reach outside his own ranks remains striking. Why? It’s a good question: How has a black, urban liberal gained far stronger support among Republicans than the made-over moderate Clinton or the southern charmer Edwards? Perhaps because the Republicans and independents who are open to an Obama candidacy see his primary advantage in prosecuting the war on Islamist terrorism. It isn’t about his policies as such; it is about his person. They are prepared to set their own ideological preferences to one side in favor of what Obama offers America in a critical moment in our dealings with the rest of the world. The war today matters enormously. The war of the last generation? Not so much. If you are an American who yearns to finally get beyond the symbolic battles of the Boomer generation and face today’s actual problems, Obama may be your man.

Goodbye to All That (part III)

What does he offer? First and foremost: his face. Think of it as the most effective potential re-branding of the United States since Reagan. Such a re-branding is not trivial—it’s central to an effective war strategy. The war on Islamist terror, after all, is two-pronged: a function of both hard power and soft power. We have seen the potential of hard power in removing the Taliban and Saddam Hussein. We have also seen its inherent weaknesses in Iraq, and its profound limitations in winning a long war against radical Islam. The next president has to create a sophisticated and supple blend of soft and hard power to isolate the enemy, to fight where necessary, but also to create an ideological template that works to the West’s advantage over the long haul. There is simply no other candidate with the potential of Obama to do this. Which is where his face comes in.



Consider this hypothetical. It’s November 2008. A young Pakistani Muslim is watching television and sees that this man—Barack Hussein Obama—is the new face of America. In one simple image, America’s soft power has been ratcheted up not a notch, but a logarithm. A brown-skinned man whose father was an African, who grew up in Indonesia and Hawaii, who attended a majority-Muslim school as a boy, is now the alleged enemy. If you wanted the crudest but most effective weapon against the demonization of America that fuels Islamist ideology, Obama’s face gets close. It proves them wrong about what America is in ways no words can.



The other obvious advantage that Obama has in facing the world and our enemies is his record on the Iraq War. He is the only major candidate to have clearly opposed it from the start. Whoever is in office in January 2009 will be tasked with redeploying forces in and out of Iraq, negotiating with neighboring states, engaging America’s estranged allies, tamping down regional violence. Obama’s interlocutors in Iraq and the Middle East would know that he never had suspicious motives toward Iraq, has no interest in occupying it indefinitely, and foresaw more clearly than most Americans the baleful consequences of long-term occupation.



This latter point is the most salient. The act of picking the next president will be in some ways a statement of America’s view of Iraq. Clinton is running as a centrist Democrat—voting for war, accepting the need for an occupation at least through her first term, while attempting to do triage as practically as possible. Obama is running as the clearer antiwar candidate. At the same time, Obama’s candidacy cannot fairly be cast as a McGovernite revival in tone or substance. He is not opposed to war as such. He is not opposed to the use of unilateral force, either—as demonstrated by his willingness to target al-Qaeda in Pakistan over the objections of the Pakistani government. He does not oppose the idea of democratization in the Muslim world as a general principle or the concept of nation building as such. He is not an isolationist, as his support for the campaign in Afghanistan proves. It is worth recalling the key passages of the speech Obama gave in Chicago on October 2, 2002, five months before the war:




I don’t oppose all wars. And I know that in this crowd today, there is no shortage of patriots, or of patriotism. What I am opposed to is a dumb war. What I am opposed to is a rash war … I know that even a successful war against Iraq will require a U.S. occupation of undetermined length, at undetermined cost, with undetermined consequences. I know that an invasion of Iraq without a clear rationale and without strong international support will only fan the flames of the Middle East, and encourage the worst, rather than best, impulses of the Arab world, and strengthen the recruitment arm of al-Qaeda. I am not opposed to all wars. I’m opposed to dumb wars.



The man who opposed the war for the right reasons is for that reason the potential president with the most flexibility in dealing with it. Clinton is hemmed in by her past and her generation. If she pulls out too quickly, she will fall prey to the usual browbeating from the right—the same theme that has played relentlessly since 1968. If she stays in too long, the antiwar base of her own party, already suspicious of her, will pounce. The Boomer legacy imprisons her—and so it may continue to imprison us. The debate about the war in the next four years needs to be about the practical and difficult choices ahead of us—not about the symbolism or whether it’s a second Vietnam.



A generational divide also separates Clinton and Obama with respect to domestic politics. Clinton grew up saturated in the conflict that still defines American politics. As a liberal, she has spent years in a defensive crouch against triumphant post-Reagan conservatism. The mau-mauing that greeted her health-care plan and the endless nightmares of her husband’s scandals drove her deeper into her political bunker. Her liberalism is warped by what you might call a Political Post-Traumatic Stress Syndrome. Reagan spooked people on the left, especially those, like Clinton, who were interested primarily in winning power. She has internalized what most Democrats of her generation have internalized: They suspect that the majority is not with them, and so some quotient of discretion, fear, or plain deception is required if they are to advance their objectives. And so the less-adept ones seem deceptive, and the more-practiced ones, like Clinton, exhibit the plastic-ness and inauthenticity that still plague her candidacy. She’s hiding her true feelings. We know it, she knows we know it, and there is no way out of it.



Obama, simply by virtue of when he was born, is free of this defensiveness. Strictly speaking, he is at the tail end of the Boomer generation. But he is not of it.




“Partly because my mother, you know, was smack-dab in the middle of the Baby Boom generation,” he told me. “She was only 18 when she had me. So when I think of Baby Boomers, I think of my mother’s generation. And you know, I was too young for the formative period of the ’60s—civil rights, sexual revolution, Vietnam War. Those all sort of passed me by.”



Obama’s mother was, in fact, born only five years earlier than Hillary Clinton. He did not politically come of age during the Vietnam era, and he is simply less afraid of the right wing than Clinton is, because he has emerged on the national stage during a period of conservative decadence and decline. And so, for example, he felt much freer than Clinton to say he was prepared to meet and hold talks with hostile world leaders in his first year in office. He has proposed sweeping middle-class tax cuts and opposed drastic reforms of Social Security, without being tarred as a fiscally reckless liberal. (Of course, such accusations are hard to make after the fiscal performance of today’s “conservatives.”) Even his more conservative positions—like his openness to bombing Pakistan, or his support for merit pay for public-school teachers—do not appear to emerge from a desire or need to credentialize himself with the right. He is among the first Democrats in a generation not to be afraid or ashamed of what they actually believe, which also gives them more freedom to move pragmatically to the right, if necessary. He does not smell, as Clinton does, of political fear.



There are few areas where this Democratic fear is more intense than religion. The crude exploitation of sectarian loyalty and religious zeal by Bush and Rove succeeded in deepening the culture war, to Republican advantage. Again, this played into the divide of the Boomer years—between God-fearing Americans and the peacenik atheist hippies of lore. The Democrats have responded by pretending to a public religiosity that still seems strained. Listening to Hillary Clinton detail her prayer life in public, as she did last spring to a packed house at George Washington University, was at once poignant and repellent. Poignant because her faith may well be genuine; repellent because its Methodist genuineness demands that she not profess it so tackily. But she did. The polls told her to.



Obama, in contrast, opened his soul up in public long before any focus group demanded it. His first book, Dreams From My Father, is a candid, haunting, and supple piece of writing. It was not concocted to solve a political problem (his second, hackneyed book, The Audacity of Hope, filled that niche). It was a genuine display of internal doubt and conflict and sadness. And it reveals Obama as someone whose “complex fate,” to use Ralph Ellison’s term, is to be both believer and doubter, in a world where such complexity is as beleaguered as it is necessary.



This struggle to embrace modernity without abandoning faith falls on one of the fault lines in the modern world. It is arguably the critical fault line, the tectonic rift that is advancing the bloody borders of Islam and the increasingly sectarian boundaries of American politics. As humankind abandons the secular totalitarianisms of the last century and grapples with breakneck technological and scientific discoveries, the appeal of absolutist faith is powerful in both developing and developed countries. It is the latest in a long line of rebukes to liberal modernity—but this rebuke has the deepest roots, the widest appeal, and the attraction that all total solutions to the human predicament proffer. From the doctrinal absolutism of Pope Benedict’s Vatican to the revival of fundamentalist Protestantism in the U.S. and Asia to the attraction for many Muslims of the most extreme and antimodern forms of Islam, the same phenomenon has spread to every culture and place.



You cannot confront the complex challenges of domestic or foreign policy today unless you understand this gulf and its seriousness. You cannot lead the United States without having a foot in both the religious and secular camps. This, surely, is where Bush has failed most profoundly. By aligning himself with the most extreme and basic of religious orientations, he has lost many moderate believers and alienated the secular and agnostic in the West. If you cannot bring the agnostics along in a campaign against religious terrorism, you have a problem.



Here again, Obama, by virtue of generation and accident, bridges this deepening divide. He was brought up in a nonreligious home and converted to Christianity as an adult. But—critically—he is not born-again. His faith—at once real and measured, hot and cool—lives at the center of the American religious experience. It is a modern, intellectual Christianity. “I didn’t have an epiphany,” he explained to me. “What I really did was to take a set of values and ideals that were first instilled in me from my mother, who was, as I have called her in my book, the last of the secular humanists—you know, belief in kindness and empathy and discipline, responsibility—those kinds of values. And I found in the Church a vessel or a repository for those values and a way to connect those values to a larger community and a belief in God and a belief in redemption and mercy and justice … I guess the point is, it continues to be both a spiritual, but also intellectual, journey for me, this issue of faith.”

Goodbye to All That (part IV)

The best speech Obama has ever given was not his famous 2004 convention address, but a June 2007 speech in Connecticut. In it, he described his religious conversion:




One Sunday, I put on one of the few clean jackets I had, and went over to Trinity United Church of Christ on 95th Street on the South Side of Chicago. And I heard Reverend Jeremiah A. Wright deliver a sermon called “The Audacity of Hope.” And during the course of that sermon, he introduced me to someone named Jesus Christ. I learned that my sins could be redeemed. I learned that those things I was too weak to accomplish myself, he would accomplish with me if I placed my trust in him. And in time, I came to see faith as more than just a comfort to the weary or a hedge against death, but rather as an active, palpable agent in the world and in my own life.


It was because of these newfound understandings that I was finally able to walk down the aisle of Trinity one day and affirm my Christian faith. It came about as a choice and not an epiphany. I didn’t fall out in church, as folks sometimes do. The questions I had didn’t magically disappear. The skeptical bent of my mind didn’t suddenly vanish. But kneeling beneath that cross on the South Side, I felt I heard God’s spirit beckoning me. I submitted myself to his will, and dedicated myself to discovering his truth and carrying out his works.



To be able to express this kind of religious conviction without disturbing or alienating the growing phalanx of secular voters, especially on the left, is quite an achievement. As he said in 2006, “Faith doesn’t mean that you don’t have doubts.” To deploy the rhetoric of Evangelicalism while eschewing its occasional anti-intellectualism and hubristic certainty is as rare as it is exhilarating. It is both an intellectual achievement, because Obama has clearly attempted to wrestle a modern Christianity from the encumbrances and anachronisms of its past, and an American achievement, because it was forged in the only American institution where conservative theology and the Democratic Party still communicate: the black church.



And this, of course, is the other element that makes Obama a potentially transformative candidate: race. Here, Obama again finds himself in the center of a complex fate, unwilling to pick sides in a divide that reaches back centuries and appears at times unbridgeable. His appeal to whites is palpable. I have felt it myself. Earlier this fall, I attended an Obama speech in Washington on tax policy that underwhelmed on delivery; his address was wooden, stilted, even tedious. It was only after I left the hotel that it occurred to me that I’d just been bored on tax policy by a national black leader. That I should have been struck by this was born in my own racial stereotypes, of course. But it won me over.



Obama is deeply aware of how he comes across to whites. In a revealing passage in his first book, he recounts how, in adolescence, he defused his white mother’s fears that he was drifting into delinquency. She had marched into his room and demanded to know what was going on. He flashed her “a reassuring smile and patted her hand and told her not to worry.” This, he tells us, was “usually an effective tactic,” because people




were satisfied as long as you were courteous and smiled and made no sudden moves. They were more than satisfied; they were relieved—such a pleasant surprise to find a well-mannered young black man who didn’t seem angry all the time.



And so you have Obama’s campaign for white America: courteous and smiling and with no sudden moves. This may, of course, be one reason for his still-lukewarm support among many African Americans, a large number of whom back a white woman for the presidency. It may also be because African Americans (more than many whites) simply don’t believe that a black man can win the presidency, and so are leery of wasting their vote. And the persistence of race as a divisive, even explosive factor in American life was unmissable the week of Obama’s tax speech. While he was detailing middle-class tax breaks, thousands of activists were preparing to march in Jena, Louisiana, after a series of crude racial incidents had blown up into a polarizing conflict.



Jesse Jackson voiced puzzlement that Obama was not at the forefront of the march. “If I were a candidate, I’d be all over Jena,” he remarked. The South Carolina newspaper The State reported that Jackson said Obama was “acting like he’s white.” Obama didn’t jump into the fray (no sudden moves), but instead issued measured statements on Jena, waiting till a late-September address at Howard University to find his voice. It was simultaneously an endorsement of black identity politics and a distancing from it:




When I’m president, we will no longer accept the false choice between being tough on crime and vigilant in our pursuit of justice. Dr. King said: “It’s not either/or, it’s both/and.” We can have a crime policy that’s both tough and smart. If you’re convicted of a crime involving drugs, of course you should be punished. But let’s not make the punishment for crack cocaine that much more severe than the punishment for powder cocaine when the real difference between the two is the skin color of the people using them. Judges think that’s wrong. Republicans think that’s wrong, Democrats think that’s wrong, and yet it’s been approved by Republican and Democratic presidents because no one has been willing to brave the politics and make it right. That will end when I am president.



Obama’s racial journey makes this kind of both/and politics something more than a matter of political compromise. The paradox of his candidacy is that, as potentially the first African American president in a country founded on slavery, he has taken pains to downplay the racial catharsis his candidacy implies. He knows race is important, and yet he knows that it turns destructive if it becomes the only important thing. In this he again subverts a Boomer paradigm, of black victimology or black conservatism. He is neither Al Sharpton nor Clarence Thomas; neither Julian Bond nor Colin Powell. Nor is he a post-racial figure like Tiger Woods, insofar as he has spent his life trying to reconnect with a black identity his childhood never gave him. Equally, he cannot be a Jesse Jackson. His white mother brought him up to be someone else.



In Dreams From My Father, Obama tells the story of a man with an almost eerily nonracial childhood, who has to learn what racism is, what his own racial identity is, and even what being black in America is. And so Obama’s relationship to the black American experience is as much learned as intuitive. He broke up with a serious early girlfriend in part because she was white. He decided to abandon a post-racial career among the upper-middle classes of the East Coast in order to reengage with the black experience of Chicago’s South Side. It was an act of integration—personal as well as communal—that called him to the work of community organizing.



This restlessness with where he was, this attempt at personal integration, represents both an affirmation of identity politics and a commitment to carving a unique personal identity out of the race, geography, and class he inherited. It yields an identity born of displacement, not rootedness. And there are times, I confess, when Obama’s account of understanding his own racial experience seemed more like that of a gay teen discovering that he lives in two worlds simultaneously than that of a young African American confronting racism for the first time.



And there are also times when Obama’s experience feels more like an immigrant story than a black memoir. His autobiography navigates a new and strange world of an American racial legacy that never quite defined him at his core. He therefore speaks to a complicated and mixed identity—not a simple and alienated one. This may hurt him among some African Americans, who may fail to identify with this fellow with an odd name. Black conservatives, like Shelby Steele, fear he is too deferential to the black establishment. Black leftists worry that he is not beholden at all. But there is no reason why African Americans cannot see the logic of Americanism that Obama also represents, a legacy that is ultimately theirs as well. To be black and white, to have belonged to a nonreligious home and a Christian church, to have attended a majority-Muslim school in Indonesia and a black church in urban Chicago, to be more than one thing and sometimes not fully anything—this is an increasingly common experience for Americans, including many racial minorities. Obama expresses such a conflicted but resilient identity before he even utters a word. And this complexity, with its internal tensions, contradictions, and moods, may increasingly be the main thing all Americans have in common.



None of this, of course, means that Obama will be the president some are dreaming of. His record in high office is sparse; his performances on the campaign trail have been patchy; his chief rival for the nomination, Senator Clinton, has bested him often with her relentless pursuit of the middle ground, her dogged attention to her own failings, and her much-improved speaking skills. At times, she has even managed to appear more inherently likable than the skinny, crabby, and sometimes morose newcomer from Chicago. Clinton’s most surprising asset has been the sense of security she instills. Her husband—and the good feelings that nostalgics retain for his presidency—have buttressed her case. In dangerous times, popular majorities often seek the conservative option, broadly understood.



The paradox is that Hillary makes far more sense if you believe that times are actually pretty good. If you believe that America’s current crisis is not a deep one, if you think that pragmatism alone will be enough to navigate a world on the verge of even more religious warfare, if you believe that today’s ideological polarization is not dangerous, and that what appears dark today is an illusion fostered by the lingering trauma of the Bush presidency, then the argument for Obama is not that strong. Clinton will do. And a Clinton-Giuliani race could be as invigorating as it is utterly predictable.



But if you sense, as I do, that greater danger lies ahead, and that our divisions and recent history have combined to make the American polity and constitutional order increasingly vulnerable, then the calculus of risk changes. Sometimes, when the world is changing rapidly, the greater risk is caution. Close-up in this election campaign, Obama is unlikely. From a distance, he is necessary. At a time when America’s estrangement from the world risks tipping into dangerous imbalance, when a country at war with lethal enemies is also increasingly at war with itself, when humankind’s spiritual yearnings veer between an excess of certainty and an inability to believe anything at all, and when sectarian and racial divides seem as intractable as ever, a man who is a bridge between these worlds may be indispensable.



We may in fact have finally found that bridge to the 21st century that Bill Clinton told us about. Its name is Obama.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Pesadelo paralítico

Eu tento dormir e não consigo.
Preciso fugir pro abrigo.
Me esmagam, viro pó: inimigo.
"Nem tudo está perdido,
tudo está perdido..."

Eu quero acordar (não!) -
é impossível.
Trancado em desespero
incapaz de me mover
Vai tudo prum inferno de
fumaça e sem amor eterno
"O passado não existe,
repassados dias tristes"

Eu não sei exatamente
o que é preciso fazer
Eu tento e não consigo,
Preciso de um abrigo
Acordar desse presídio,
Matar o inimigo
"Um transe sem sentido, um esquema inofensivo"

Eu não vou lutar com esses tiros
Defeitos de um passado sangüíneo
Perdido e confundido
Desgraçado e sozinho

Meliante almofadinha
escrevendo um inciso
Condenando sem juízo
um qualquer indeciso

Eu vejo um problema e preciso saber
Quanto custa o pecado, se há venda no mercado
Sem fatura ou compra a prazo.
A enchente continua, a miséria e as putas
Muita raça (vê se escuta!) não desiste dessa luta
Bate no peito, bombeia o sangue

"Ainda estamos todos vivos
No faz-de-conta fictício
Consertando um pedacinho
De cada vez"

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Criticism capsules

The best we can do as critics is to know our history and know ourselves, and to try and see the redeeming qualities in the mediocre and the timeless qualities in the great. And then to try and explain the opinion that results, and brace for the reaction—which can be the toughest part nowadays.
(Noel Murray in "The Shirk Of The New")

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sobre bilhetes amorosos

Hoje eu entreguei uma cartinha de amor
Falando assim, até parece assunto sério.
(Há tanta gente transformando o que é bonito em doença,
chega a dar medo... deve ser por isso que virou tabu)

No fundo é só um bilhetinho à toa
Feito de lembranças gostosas
Que o acaso me deu

Poderia deixá-las guardadas no armário
Junto com tantas histórias
para depois recordar

Por suposto, nenhuma memória
deve ter força para nos magoar
(As que mais intimidam quedam
inertes com o tempo)

Falta ainda responder ao enigma:
Que motivo me leva
A partilhar versinhos de amor?

Talvez seja eu um inveterado cafona
Saudosista das canções de amigo (outrora)
Ou então quis pavonear a beleza de minh'alma (pretensão)
Seria essa uma pequena peça de um cauteloso estratagema
Para consolidar mais afeto a este candidato?

Prefiro acreditar que as coincidências dos astros são lindas
E nada mais me interessa
Além de viver
Feito porta-voz do amor,
E só.

domingo, 28 de outubro de 2007

Para muito além do bem e do mal

I

"Eu vivi glórias longínquas que cria longevas."
"O lance é causar na night, chegar chegando e pegar geral!"
"No tempo do -------- era diferente! As crianças tinham educação moral e cívica no colégio."
"Escuta o que eu tou falando... Tá todo mundo mal pago ou desempregado nesse país de merda!"


É o exponencial fluxo de milhares de vozes que devemos escutar
E há que se respeitar as mais diversas trajetórias errantes ou consolidadas
Os devaneios espasmódicos de um ébrio e a angústia calada dos escravos
Pouco sabemos do quanto diferimos se não nos valermos da comunicação

Renúncia, Protesto, Derrota, Inglória, Status, Decência, Fascínio, Estupor
Premissa, Recesso, Escola, História, Estafa, Presença, Martírio, Calor
Ecoam palavras roucas e similares que testam o ouvido do interlocutor
Doce ilusão achar possível se manter incógnito. A presteza inaudita é facilmente percebida pelo inquisidor.

O que há de se fazer com tantos relatos inconsistentes, irremediáveis?

(..cont.)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Amor na medida do possível

Como a gente diz para quem pouco conhece
o quanto se sente?
O que se sente, afinal, com relação a
quem pouco se conhece?

É muito fácil ser injusto e
impor necessidades e cobranças
indevidas.

O desafio maior (e mais valoroso)
é perscrutar as emoções guardadas em si
para trazer à baila um discurso limpo,
sin perder la ternura jamás.

Ao revelar as intenções deve-se proceder
com cautela,
sabendo que amor é um campo minado,
com muitos perigos e duas
vítimas em potencial

Gostar, querer bem,
apreciar a companhia de outrem
é o procedimento padrão indicado,
para minimizar os riscos existentes.

Sentir as palavras escorrerem em piloto automático,
num pensar e sentir discreto e preciso...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mergers and acquisitions

-- Oi... que coincidência a gente se esbarrar assim do nada, né?

"..."

-- Mas sabe... você é justamente a pessoa esperada para compartilhar o instante presente.

"..."


-- Bom, se a senhorita apreciar poemas de qualidade duvidosa, tenho um aqui recém-saído do forno:

O amor é um delírio insano que te arrebata e desconcerta
Me deixa profundamente perturbado, em êxtase.
Há que se temer então esse sentimento que comove e inspira, mas também nos maltrata

Vivemos no mundo moderno, cheio de pílulas e aviões.
A rotina que anestesia, nos deixa mais e mais frios e calculistas.
Vejo uma planilha nefasta! Mas relevo... Pouco importa o que quer que eu faça.

De forma dinâmica vou otimizando por reducionismos (sem perda de generalidade?!)
que transfiguram sentimento em número real.
O meu amor agora é de caso pensado, feito pesquisa de mercado,
para identificar e depois cativar meu público-alvo.

"NÃÃÃÃÃÃãããããão!"

Não quero saber do lucro máximo, nem de riscos diversificáveis,
Ainda que fosse dono de meu próprio juízo, jamais conseguiria me assenhorar do amor.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

o doce amanhã

Após uma agoniante espera de vários meses, esse blog finalmente apresenta a sua raison d'etre. Sim, srtas e srs que lêem (por acaso, por coação do autor ou por curiosidade felina própria) essas linhas, é chegado o momento!

A PRIMEIRA RESENHA

O nome do filme é O Doce Amanhã e fala sobre uma das maiores tragédias humanas: a infância perdida.

Adaptado pelo diretor Atom Egoyan (armênio radicado no Canadá), The Sweet Hereafter é um romance que trata da vida de uma comunidade do Alaska onde um trágico acidente vitima dezenas de criancinhas inocentes.

Acho bom colocar esses finalmentes de forma explícita pois não se trata do tipo de filme que traz uma sensação de conforto (that warm and fuzzy feeling) pelo final feliz de um romance entre dois um homem e uma mulher urbanos, realizados profissionalmente e tudo mais. Definitivamente não é se trata de uma fábula de espuma.

Pois como poderia apresentar um mote tão pleno de desgraça sem suscitar emoções desconfortáveis como ira, decepção, luto e sofrimento?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

"Esboço" do álbum Amigo de Fé

Esboço
Cláudio Jorge e Manuel Rui

Há tanto tempo o vento finge seus lamentos
Dos afetos mais discretos
Da lua com o luar
E os teus afetos
Também discretos
Sombra de estrela com vergonha de brilhar
Não falem nada dos segredos e dos medos
Nem dos rumos mais incertos
Com miragem de gritar
São mil projetos
Dos mais concretos
Na intenção de sempre começar

É gota deste traço
Esboço de um abraço
No eco de um deserto perto
Unidos numa voz
Esboço de cantiga
Pra não ficarmos sós no som da vida

Há tanta coisa entre a pauta dos meus dedos
Neste esboço de cantiga
Só tem gente, gente amiga
Com os segredos
De mil degredos
É muita gente para eu cantar

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

"Aurora da minha vida"

Não tenho saudades da infância
dado que não me pertence.
Memórias passam como um filme --
surpresa agradável no festival.
Lembro de três garotos perdidos pela cidade;
via-se tudo pelo olhar do pequeno fascinado
pelas possibilidades de um velocípede.
Seria "eu"? ou não é mais ninguém?
O tempo é distância que nos torna estranhos.
Hoje é um instante que haverá de perder sentido
e vai jazer obsoleto/irrelevante/esquecido
quando o amanhã chegar.

. flávio . .
Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2007

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agora um post scriptum esclarecedor. a idéia inicial era expressar essa sensação que as lembranças trazem... tipo aquele poema "ah que saudade dos meus oito anos...." do Casimiro de Abreu. a historinha lembrada feito filme é um lance de quando eu era um pequenino moleque e vivi a epopéia de toda infância... saímos eu (num velocipede, por suposto), meu irmão e o vizinho (com suas bicicletas de rodinha) em direção ao centro da cidade. ambos os pais ficaram desesperados com o sumiço dos filhos e fomos encontrados lá pro começo da noite em uma pracinha perto de casa, completamente perdidos. e depois só pra ter um pouquinho de filosofice aparece essa discussão sobre o ser e o tempo...

sábado, 29 de setembro de 2007

Um anjo no meio da guerra -- Inquérito

Música: Anjo no meio da guerra.
Artista: Inquérito.

Me sinto tipo um anjo no meio da guerra
Um raio de luz sozinho nas trevas

É com você mesmo, a chapa tá fervendo
E uma pá de parceiro eu vi ir pro arrebento
Atrás do sustento escarrando o veneno
A mil derretendo, não tô podendo
Até tento. Conselho, panfleto e nada
Será que é eu que tô lutando de arma errada?
Os manos tudo de quadrada, 380
E o vagabundo aqui só com a consciência
É que eu não quero lutar dessa forma sangrenta
Só que a vida me faz soldado de nascença
Nem pensa, agüenta truta, sem dar fuga
Na guerra a fé é a única armadura
(Aí sem mula ó) Me sinto tipo um anjo no meio da guerra
Um raio de luz sozinho nas trevas
Sabe, que nem uma flor no concreto
Uma árvore sufocada entre os prédios
Mas enxugo as lágrimas
Esqueço o orgulho e lembro do amor
Só que a revolta aqui parece ser que nem um tumor
Vai aonde eu vou, tá em cada pedaço
Dentro do coração tipo um marca passo
Né fácil, não existe paz artificial
Eu planto o amor só que não colho nem a pau
Acho que é porque é igual pé d’uma fruta
Zé povinho sempre arranca antes de tá madura
Já era pra eu ter perdido a cabeça se for ver
Qual será que é o caminho?
Um pente ou um buquê?
Um tambor, uma flor, um botão ou uma mecha
Quem vai ganhar essa hein, as balas ou as pétalas?

[REFRÃO] 2 X
Quando a tristeza invade eu não vejo passagem
A mão de Deus se abre e me dá a chave pra felicidade

Fala com Deus, ora que é o melhor jeito
Liga pro céu o telefone é o joelho
Nunca é tarde pra se arrepender, abre o peito
Quem nasceu pra carregar peso foi camelo
Dinheiro é a lâmpada dos tolos
Uma hora apaga
Meus Deus é a luz do sol que nunca acaba
Esmaga o opressor, aniquila, fulmina
Destrói o inferno, bota o inimigo na palmilha
Entende, ninguém morreu na cruz pra fazer pose
É quente, ele é um só não tem cover
Fácil é andar com cristo no peito, no pingente
Difícil é ter peito pra tá com ele sempre
Bem diferente né, se liga aí
Ele não é rintintim, a bíblia não é gibi
Eu vi uma pá de estrela apagar de um hora pra outra
Por isso que eu prefiro ser que nem lantejoula
À pampa, brilhando pouco bem humildão
Tá bom, no fim toda brasa vai virar carvão
Né não, então espero e relaxo, não tenho pressa
O bom sabe a hora, ninguém morre na véspera

[REFRÃO] 2 X
Quando a tristeza invade eu não vejo passagem
A mão de Deus se abre e me dá a chave pra felicidade

Roubar pode até financiar seu sonho
Só que não dá abraço do pátio nem consolo
Sua mãe contente vale mais que qualquer carro novo
Viver com quem te ama isso sim que é tesouro
Opa, espere um pouco truta, agüenta firme
O pote de ouro tá no fim do arco-íris
Insiste, resiste, não desanima fica de boa
O mano da manjedoura não nasceu à toa
Na cruz correu o sangue no tronco também
A África chorou que nem Jerusalém
Eu tô seguindo o exemplo do tiozinho
Que trampa de porteiro e a noite faz supletivo
Não, não desisto eu ainda to na busca
Da união que eu encontrei só no açúcar
Em punga guerreira, parceira da fé
Maninho diz que tá firmão vai ver tá igual geléia
Esperança me escolta, a fé, meu guarda-costas
O diabo não me afoga, Jesus é minha bóia
Vamo que vamo aí, aos trancos barrancos
DVC em branco aí, isso que é ser malandro

Eu sou um anjo, eu sou um anjo...na guerra.

[REFRÃO] 5X
Quando a tristeza invade eu não vejo passagem
A mão de Deus se abre e me dá a chave pra felicidade.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Para brilhar na primavera cultural carioca...

Segue o link para uma obra de autoria de Renato Alarcão e Alex Koti. Trata-se de um gerador instantâneo de frases cult/cool para serem ditas após aquele filme de 8 horas contando a inefável saga dos pentelhos de um velho armênio (ref. Baleiro e Ramalho in Bienal).

http://www.alexkoti.com/crap

obs: CRAP = Critical Response to the Art Product

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

10 anos de OK Computer

Fica aqui a lembrança da década do lançamento deste impactante álbum britânico. Confesso que tive uma adolescência meio descolada dos modismos culturais, mas o Radiohead conseguiu impressionar mesmo alguém que não tinha nenhum motivo pra gostar da banda. O clipe de Paranoid Android foi o estopim, não entendia necas, mas tinha cara de ser interessante.


It Was 40 10 Years Ago Today: 18 Reasons 1997 Might Be The Next 1967
By Andy Battaglia, Jason Heller, Michaelangelo Matos, Josh Modell, Sean O'Neal, Keith Phipps, Nathan Rabin, Kyle Ryan
September 17th, 2007
1. Radiohead, OK Computer

1967 is rightfully—though overly, especially during its 40th anniversary—revered as a watershed year for pop music: It saw the release of Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, Songs Of Leonard Cohen, Are You Experienced?, The Velvet Underground & Nico, Forever Changes, and many other incredible and/or important albums. 1997, though lacking the benefit of as much hindsight, packed a pretty earth-shaking musical punch, too, clearly led by Radiohead's already-canonized OK Computer. Enough ink has been spilled about the album's dystopian outlook and overall concept, sometimes to the point of ignoring the most important element: Every track, from pure pop in wolf's clothing ("Paranoid Android") to experimental animosity ("Fitter Happier") feels exactly right. Everything in its right place, indeed.


Leia o resto da matéria aqui

domingo, 16 de setembro de 2007

Felicidade - um registro

Decidi fazer um post-post para este blog que respira por aparelhos... Trata-se de uma simples descrição dos presentes sentimentos. Coisa boba, quase como uma folha avulsa de um diário.


Rio de Janeiro, 16-17 de setembro de 2007

Nos últimos dias tenho me sentido muito bem. Se evito a palavra "felicidade" é tão somente para me distanciar de quem a usa de maneira vazia ou insípida. O escritor Leão Tolstói abre sua obra Ana Karênina com a seguinte frase:
"Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira."

Isso me leva a questionar o sentido de felicidade. Podemos ser felizes por muito tempo? Quais são os precisos instantes em que a felicidade se torna evidente, talvez até passível de constatação analítica? Será que fazer tantas perguntas sobre esse assunto diminui minha chance de ficar 'de bem com a vida'??

Mas eu sou só um economista chato que fica querendo caçar alguma desculpa para aplicar o próprio ferramental teórico... O Senhor Leão está mais do que certo no que escreve. Principalmente por nos apresentar a farsa que é a felicidade duradoura.

Por supuesto não deixa de soar estranho uma família "feliz". Se a mesma existisse, não seria tolerada. Mas será esse um defeito humano? Poderia concordar com os Wachowski, mas acho que tal peculiaridade está longe de ser falha.

Larry e Andy Wachowski (para nossos leitores menos ligados em popnerdices) são os diretores do filme The Matrix, marco cultural nos idos de 1999. Naquele filme a humanidade virou pilha alcalina para robô mas a raça mecânica ainda sente a necessidade de nos contar uma mentira paliativa(venhamos e convenhamos, é uma baita prova de piedade dos nossos binários captores querer inventar uma prisão que ainda serve de representação da alegoria da caverna, mas sigamos...). A parte do filme que me interessa é aquela na qual o Agente Smith afirma a Morpheus que a Matrix atual é a terceira ou vigésima versão e que foi feito um aperfeiçoamento a partir da primeira tentativa fracassada de criar um simulacro para nós, pobres pilhas médias. O raciocínio smithiano é encerrado pela constatação do erro inicial: nenhum humano acreditaria em vidas de mentirinha em que fossem felizes.

Ao ler a última frase percebo um sorriso de esguelha que deve ser creditado ao meu notável bom-humor momentâneo. Ora pois pois! Os robôs realmente tentaram nos trazer o bem, mas nós homo sapiens sapiens malcriados só queremos saber do gosto amargo do fruto proibido. Não deixa de ser divertido tentar imaginar essa "Matrix Prime"... Será que ninguém se machuca, nem tem dor de barriga, nem fica de saco cheio de seus semelhantes? Seríamos todos nós acostumados à letargia monotônica? Robôs conseguem, afinal, definir felicidade eterna de uma maneira satisfatória?

Pois bem, mesmo que tenha perdido um pouco o fio da meada com essa digressão, fico satisfeito com seu conteúdo. O ponto principal é que isso de viver sem ser feliz e ainda ter uma boa dose de ceticismo para com as Polianas do mundo é algo perfeitamente natural. E me parece ser bastante salutar.

Sempre surgem problemas, precisamos cumprir diversas formalidades inúteis (p.ex. respirar) e nunca deixamos de habitar esse nosso invólucro denominado corpo. Alguém que se define "feliz", diz respeito a toda sua existência ou só a uma pequena (e efêmera) fresta intelectual? Mesmo o mais empedernido otimista pode ter suas crenças abaladas por uma seqüência de maus-bocados. Ou então uma doença que leve ao delírio (causada por um micróbio ranzinza) conseguiria cortar o meu joie-de-vivre assim, do nada, sem nem pedir licença.

E é por isso que acho tão difícil afirmar (convicto) que estou feliz. Essa minha felicidade está muito longe daquela que Tolstói menospreza e os Wachowski dizem ser impraticável. Ela é prima-irmã do DEVIR, de HERÁCLITO, da instabilidade como única certeza de fato. Estar feliz é algo puramente contingencial e no fundo é só um grande resumo de um amontoado de sensações físicas e psíquicas que podem me deixar especialmente tolerante numa manhã nublada como esta. A mudarem as condições de temperatura e pressão sempre existe algum risco do bom humor dar a meia volta.

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Algumas ressalvas muito razoáveis

Decerto que existem pré-requisitos para poder sentir essa felicidade que vem e vai como onda. Entendo ser difícil cantarolar alegremente enquanto se vive a agonia da falta de recursos. Existe até um clichê do jornalismo televisivo que se relaciona a isso. No JN (ou no genérico da Record) algumas matérias mais positivas se encerram com o sorriso franco de alguém que vive na pobreza. Confesso que essa manifestação me incomoda sobremaneira. Fica uma sensação ruim, pois parece um gesto desesperado, uma resposta inconsciente a todo aparato que veio registrar sua vida humilde. Demagogia e televisão formam uma mistura particularmente sórdida.

Desejo aos gatos pingados que chegarem até o final deste texto que possam ter também os seus momentos de gratificação. E, acima de tudo, que façam por merecer a doce recompensa que nos traz a felicidade.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Nos resta ainda a poeta (há um ano distante...)


E temos ainda Florbela, assim como restam teus poemas. Meras palavras belíssimas, tão companheiras quanto qualquer folha impressa de versos em Arial....

Oposições

Se não houvesse noite
E o dia se tornasse interminável,
Pintaria meu quarto e cerraria portas
Até que a escuridão me envolvesse

Se não houvesse dia
E a noite sitiasse o astro-rei,
Trovaria meu verso messalino e cíclico
Até que a claridade me ouvisse.

Se não houvesse música
E o silêncio estagnasse o ar,
Nutriria meu rosto e entoaria cantos
Até que decibéis me inspirassem.

Se não houvesse silêncio
E a música aviltasse o claustro,
Trancaria meu peito e aboliria sons
Até que a surdez me dominasse.

(F. Lopes, maio de 2003)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Ultimate Gwen Stacy's monologue - Brian Michael Bendis

"It's the meteor. How do you think the dinosaurs felt that moment, just before the meteor hit? I mean--they were just, like, standing around and all of a sudden it's like, oh shit, we're extinct. I mean, that's what's going on, right? That's what you're worried about. We're extinct.
All of a sudden it's like if you don't fly--you don't survive. I mean there's, like, a guy now who can walk on walls? What's that about? And now you have to think about that fact every day of your life. The fact that you can't.
But...like, then I think about it like this: I think maybe the difference between us and the dinosaurs is--we know.
They didn't know--they didn't have a chance. But we know there are things in this world more powerful than us. But the real question is: what are us normal people--what are we going to do without powers? But see? What is, like, 'powers' anyhow? This dude right here is stronger than me, does that make him super powered? See?
Cause I have a theory--that, like, whatever you do...is your super power. You play guitar? Football? Math? Whatever you do--whatever makes you--you. That's your power. And I think--I think in this new world you're just going to be forced to do what it is that you do as best you can...or you ain't going to make it.
So maybe you won't ever have, like, mutant powers--all that means is no more sitting on your fat butt watching cartoons. It's all about what you can do that another can't. And I think if we can get into that mindset I don't think there's going to be any problems with all these super power, mutant, spider, goblin people. Because we'll all have super powers."

sábado, 21 de abril de 2007

Cidadão Instigado - Silêncio na multidão

Aqui estou eu,há meia hora parado no cruzamento da brigadeiro luiz antonio com a avenida paulista. pensando. simplesmente pensando.

Comprei um refrigerante, tomei um gole, e continuei a pensar. nesse tempo que eu parei aqui tantas pessoas passaram por mim: empresários, mendigos, boys... e até o zé doidim, que eu mesmo reconheci! pessoas com mundos totalmente diferentes, mas que, naquele momento, naquele cruzamento, se cruzaram! interessante, né?!! todos os dias, em vários lugares, milhares de pessoas se cruzam mas não se falam, pois não se conhecem, e nem ao menos se importam com isso.
Eu vejo ali na frente um mendigo barbado. ele simplesmente pára e grita:
- aaaaaaaaahhhhhhhhhh!!! – um grito de liberdade para a multidão, pois ele não agüenta mais viver sozinho na escuridão!

Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em agonia e solidão. dói no coração ver meu povo silencioso.

Penso. naquele momento, naquele cruzamento, tanta solidão em movimento.
Olho, para o mendigo em seu lamento, e ainda ouço o eco do seu grito.
Ando, paro e respiro... e fico comigo, confabulando: "será que são apenas corpos vazios? ou será um engano? não. engano, não. eu sinto no ar o silêncio na multidão!"

Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em agonia e solidão. dói no coração ver meu povo silencioso.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

suspensão temporária

isso aqui já tá parado há algum tempo (esse é o único post de fevereiro), mas tem três bons motivos...

1)microeconomia

2)análise real

3)macroeconomia


mestrado não tá fácil...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

comentário sobre a Previdência

quanto à gestão dos recursos públicos é sempre bom ter em mente a ESCOLHA que é feita...

Continuo achando que dada a composição etária da população brasileira é um suicídio gastar tanto com aposentadorias... Entre crianças e velhinhos fico com os primeiros, pois além de serem mais numerosos vão garantir o nosso futuro (ou seja, eu que tenho 22 anos quero ter um país com renda suficientemente elevada para que seja possível ter serviços públicos (ou privados) de qualidade que garantam uma vida madura boa...

Mas paciência... A questão é que realmente é meio esdrúxulo colocar o Ministro da Previdência como responsável pela "rede de cobertura social". Essa atribuição deveria caber ao Patrus Ananias. Após terem sido aprovados os benefícios, ninguém consegue realmente discuti-los e decidir o que é melhor para se fazer com os recursos que nos são arrecados através de tantos impostos.

domingo, 28 de janeiro de 2007

uma gotinha de esperança nos alpes suíços

“Nós temos que parar de viajar o mundo chorando a nossa miséria e importando culpados pela nossa desgraça. Muitas vezes, a responsabilidade é nossa”
Luís Inácio Lula da Silva em Davos


[pois é Décio, a frase seria ainda mais histórica se fosse
Nós temos que parar de viajar o mundo (e trabalhar)
às vezes a edição faz toda a diferença...]

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Primeira rima....

[Normalmente costumo comentar no final, mas dessa vez segue uma explicação. Essa é uma tentativa de rap, que é um gênero musical deveras interessante. Acho que é beeem preliminar esse meu texto, no sentido que pode estar ruim de métrica e de vocabulário, mas mesmo assim... na minha cabeça funcionou razoavelmente bem! Um pouco medíocre mas nào de todo descartável. Óbvio que os caras bons (Black Alien, RZA, Mano Brown, D2, Snoop Dogg, Tupac, etc.) me humilham, mas aí nem tem comparação....]

Boto a banca quebro a tranca,
no veneno e na marra
de uma rima muito franca.
Paz sincera não se manca;
a fé espera, a vida escarra.

Esculacho de polícia
conheci e não é farra,
um pedido de suplício.
"Tu não honra tua farda!"
Rouba o ouro -- sacrifício...
Mais um murro não é difícil
e eu sangrando na calçada.

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Morena, me alenta e afaga.
Um sussuro é meu delírio,
depois o beijo e me mata.
Nem pergunta o motivo
que a vida é só desgraça
-- me fudendo p/ PM
se pensa dono desta praça.
Também não sou nenhum cativo,
refém de vício destrutivo.
Não me esmaga a sociedade...

Se antes morto do que vivo
é que não tem mais o sentido
e pra dizer toda verdade
já perdi de sobreaviso
o que tinha desta vida.

Da vitória prometida
só me resta a ferida,
cicatriz após partida.
Nesse mundo só saudade...

domingo, 21 de janeiro de 2007

"Só bem pior foi..."


( ) tem dias que são bons
( )        ou pelo menos banais
( ) outros nem tanto assim – bem pior

constatar esse fato em versos não é meritório
       só uma dentre tautologias várias

hoje meio pessimista
       assinalo a terceira opção

o efeito é claro e o motivo tão óbvio

é bobagem chorar e se fazer de vítima
            a saga continua
se a farsa é difícil, paciência
ainda precisamos de sustento




"a vida é caixinha de surpresas"

há um balde de merda e o perigo nefasto
ao que foi consumado nunca voltaremos atrás

perdas e danos, chagas e hematomas
engolimos em seco p/ suportar

      e seguir adiante não sendo passivo

é crime (afinal) a cara fechada?
meu semblante franzido NÃO! vai se explicar

nem o passado nem o futuro garantem
sequer fiapo
      de esperança alvissareira




Acontece...
acontece o relato
um grãozinho de instante
enquanto o firmamento volteia

por tentação e erro
o amanhã é alterado
cada nova lição desamarra
      a história por vir

esse revisionismo pra frente
pouco a pouco
exorciza a desgraça
      identifica o caminho a seguir

faz-se agora a lista santa dos "afasta":




por favor...
      ...me deixa longe do atrito
(mesmo que não saiba adivinhar)

      ...distancia do próximo
            o clamor por conflito
(a cada qual o seu espaço incólume)

      ...telepatiza essa prece
a muitos
       no hoje, no amanhã
e n'outrora

      ...elimina os problemas
me deixa viver a utopia sem risco


...so far away...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Augusta, Angélica e Consolação -- Tom Zé

Augusta, graças a Deus, graças a Deus
Entre você e a Angélica
Eu encontrei a Consolação
Que veio olhar por mim e me deu a mão

Augusta, que saudade
Você era vaidosa, que saudade
E gaastava o meu dinheiro, que saudade
Com roupas importadas e outras bobagens
Angélica, que maldade
Você sempre me deu bolo, que maldade,
E até andava com a roupa, que maldade,
Cheirando a consultório médico,
Angélica,

Augusta, graças a Deus...

Quando eu vi
Que o Largo dos Aflitos
Não era bastante largo
Pra caber minha alição,
Fui morar na Estação da Luz,
Porque estava tudo escuro
Dentro do meu coração

domingo, 14 de janeiro de 2007

Merriam-Webster's Word of the day

The Word of the Day for January 13 is:


bluestocking \BLOO-stah-king\ noun

: a woman having intellectual or literary interests

Example sentence:
Now that Aunt Sarah has retired from teaching college English, she fulfills the role of bluestocking by holding literary teas for students at her home.

Did you know?
In mid-18th century England, a group of ladies decided to replace evenings of card playing and idle chatter with "conversation parties," inviting illustrious men of letters to discuss literary and intellectual topics with them. One regular guest was scholar-botanist Benjamin Stillingfleet. His hostesses willingly overlooked his cheap blue worsted stockings (a type disdained by the elite) in order to have the benefit of his lively conversation. Those who considered it inappropriate for women to aspire to learning derisively called the group the "Blue Stocking Society." The women who were the original bluestockings rose above the attempted put-down and adopted the epithet as a name for members of their society.

"o show já terminou"

"o show já terminou"

esgotado e esfaimado
vou consumindo

cansei de bebida
já passou o último trago
e um café não me parece boa idéia

me sinto seco e perdido
sem maiores interesses a dedicar

as próprias palavras se tornam mais tolas

tento ouvir um pouco de música
pro tempo desperdiçar mais rápido

"Ain't got no beef at Taco Bell"

Não lembro exatamente se foi em 2001 ou em 2002 quando ganhei o cd Oppy Music, Vol. 1: Purple Crayon do Chris Opperman,
só sei que não entendia direito as composições repletas de arranjos intrincados (às vezes dissonantes).

Mais adequada a minha compreensão musical adolescente eram as vinhetas. Humphry Boogert e Snot girl promovem uma farsa sobre feminismo enquanto em outro caso o Chris Opperman tem o azar de pegar um atendente melancólico no drive-thru do Taco Bell (de onde vem o título desse post)

é bom espairecer ao som de música boa... influências do zappa, mike kenneally, steve vai e muitas outras coisas... um grande compositor e pianista, com um notável senso de humor

Meu bunker virtual

Este espaço delimitado é o meu bunker virtual

Onde posso ser gigante
Onde posso ser forte
Onde posso ser sincero
Onde posso ser eu mesmo

Mas eu simplesmente quero ser
livre de qualquer amarra e
dizer o que penso e sentir o que sinto
sem remorsos, meias-palavras...
Sequer cautela.

Mas esse é o meu erro,
pois o espaço para ser eu mesmo é delimitado
e o perímetro de segurança fora transgredido.
Por muito pouco -- quase nada --
foi como se eu virasse um bandido.

Se era previsível o 'esculacho'
confesso a minha vã ignorância.
Quem dera se julgar um cidadão de bem
fosse o bastante p/ me proteger.

Pq a PM que eu quero não me faz sentir medo.
Pq (afinal de contas) eu não tenho direito
de querer nada da PM?

A quem quer que seja que possa pedir algo,
por favor, eu imploro e conclamo:
Faça com que ao menos a segurança difira da intimidação.

Que o tempo não seja perdido em torturas inúteis
e o esforço mais digno possa trazer a recompensa mais justa,
pois não há mérito em enquadrar uma pessoa a esmo
sem nem pensar ou ponderar a respeito.

Mas hoje em dia... pra quê pensar ou cogitar um motivo?
Quando o único bônus jaz no exercício
de uma autoridade feito estupro.

Eis-me agora lamentando o instante. Humilhado,
repassando cada momento de livre arbítrio autoritário:
"Quem você é?"
¿E é a minha importância calada que me deixa viver?

Papai do céu, tios e primos do além, por favor me salvem,
pois somente uma carteirada poderá fazer bem.
Temos tantas horas para cobrar honra à farda,
por que não importunar um qualquer alguém?

Essa é a lógica, esses são os incentivos
e a minha única reação imediata é a distância:
Me afasta do conflito, me deixa tranqüilo.
O que mais quero é o meu espaço já delimitado,
porto seguro cheio de amparo, com as palavras lidas a acalentar.

Sigo adiante e fujo da mira,
inexistem mocinhos, aliados ou qualquer um a admirar.
Na ingrata batalha pela segurança pública
só vejo soldados rasos molestando o pouco de paz.
Como se houvesse graça mesquinha
em vilipendiar nobres princípios...
Como se a luta prestasse tão apenas p/ diminuir o próximo.
Como se houvesse conforto ao me humilhar.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Mudei de planos

Há praticamente um mês
Foi escrito um texto
Confrontando imagens com palavras

Agora pouco importa qualquer registro
Signos e votos NÃO são mais fatografia
Prefiro ouvir sentir e esquecer desarmado

Constatar o processo
sem descrevê-lo

[12.jan.2007 às 21:53 / esse poema tem uma peculiaridade curiosa... cada verso tem pelo menos uma palavra com um encontro consonantal {planos, praticamente descrevê-lo, et al} / e ainda tem um neologismo bem picareta, rss]

Sou culpado...

Sou culpado pois não acho graça
nesse ofício tolo de um economista

Saio da academia desanimado
com a chamada produção intelectual

Olho citações e bibliografia
e encontro muletas apenas

Preparar tabelas e notas de aula
é um esforço digno pois sim

Mas sei lá hoje é um dia estranho
afasto o livro de micro p/ fazer poesia

[ 12.jan.2007 à noite, pouco após 19h15min, no 173 em direção a Humaitá ]