segunda-feira, 1 de outubro de 2007

"Aurora da minha vida"

Não tenho saudades da infância
dado que não me pertence.
Memórias passam como um filme --
surpresa agradável no festival.
Lembro de três garotos perdidos pela cidade;
via-se tudo pelo olhar do pequeno fascinado
pelas possibilidades de um velocípede.
Seria "eu"? ou não é mais ninguém?
O tempo é distância que nos torna estranhos.
Hoje é um instante que haverá de perder sentido
e vai jazer obsoleto/irrelevante/esquecido
quando o amanhã chegar.

. flávio . .
Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2007

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agora um post scriptum esclarecedor. a idéia inicial era expressar essa sensação que as lembranças trazem... tipo aquele poema "ah que saudade dos meus oito anos...." do Casimiro de Abreu. a historinha lembrada feito filme é um lance de quando eu era um pequenino moleque e vivi a epopéia de toda infância... saímos eu (num velocipede, por suposto), meu irmão e o vizinho (com suas bicicletas de rodinha) em direção ao centro da cidade. ambos os pais ficaram desesperados com o sumiço dos filhos e fomos encontrados lá pro começo da noite em uma pracinha perto de casa, completamente perdidos. e depois só pra ter um pouquinho de filosofice aparece essa discussão sobre o ser e o tempo...