sábado, 5 de julho de 2008

Limiar

Vejo logo à frente
As raias da loucura
Onde euforia e caos dançam em desespero.
Me convidam a participar
Com meu passo ébrio
Das sessões de descontrole e perda.

Não há livre arbítrio
Para decidir racionalmente,
Pois sou um graveto no olho do furacão.
Cambaleio e disfarço,
Sou tragado pela mata escura,
Me tornando a alma da festa macabra.

Insânia e pesadelo
Substanciados na exótica realidade
Que nostalgicamente evoca torturas em anos de chumbo.
Até onde vai a vontade
De resistir sem ser quebrado?
Quanta violência até ouvir gritos de socorro?

E se pestanejar resoluto
Mesmo depois de perder os apoios?
Há que se pensar sempre no dia seguinte,
No próximo e no porvir,
Quando só restarem cicatrizes
E um semblante de couraça inabalável.

De fato, não há
Critérios definitivos,
Nem um limite para o sofrimento.

O que restará quando
Cada osso jazer em pedaços
E a loucura for o único alívio à solidão?
Mais uma dose, por favor.
Aquela última era bem fraquinha...
A noite vai ser longa e vou ficar de pé até o final.

[ 05-jul-2008 | 09h43min ]

obs: dois restar a corrigir...


aos leitores: esse aqui saiu do forno quando o coração ainda palpitava pela agressão e furto que sofri... então é natural que haja feridas abertas que não são particularmente fáceis de cicatrizar. mas com terapia e força de espírito a gente sempre consegue seguir adiante... com lucidez e vontade de chegar mais longe...