sábado, 7 de junho de 2008

Eterno retorno

”Luto preto é vaidade
Neste funeral de amor
O meu luto é a saudade
E saudade não tem cor”
(Noel Rosa in “Silêncio de um minuto”)


Contei as horas e repassei cada momento em sua companhia

Lamentando a ira juvenil logo de partida
Maravilhado com a trama urdida a fado
De novo persisti monolítico
Esvaziando as rotas de fuga

Acompanho as velhas pegadas
Corríamos loucos ribanceira abaixo

A perfeita sincronia
A negação do indivíduo

Desesperadamente
Como ao final da maratona de dança

Olhei o suor no chão
Contando a história gota a gota
o que foi construído
o que já se perdeu
o que ainda vive em mim

Não

Não compreenderiam a intensidade do vínculo
Muito além das horas no dia
Aspirando à cumplicidade plena

Se fosse preciso reduzir
Tanto tempo a um único derradeiro instante
Passaria feliz a eternidade
A descartar bagagens ao umbral da porta
Para içá-la bem alto
Rodando e rodando
Em pânico de beijos e abraços e

Aplacar o turbilhão da saudade


(04-dez-2006 17h40min / um poeminha perdido entre bytes)


aos leitores: uma reciclagem poética... acho que foi uma das duas melhores poesias que poderia dedicar à 'donzela poética'... lembrança do regresso de uma viagem longa.