Mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não.
Senão é como amar uma mulher só linda... e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher...
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Vinicius de Moraes - Samba da Benção
Pet peeve lingüístico: MAIS BEM
Para quem aprecia organizar letrinhas ou vê-las concatenadas de maneira agradável, 2007 foi um ano ambíguo. Bom, obviamente agora vou reduzir o ano inteiro a dois aspectos opostos que girem em torno do tema introduzido há pouco. Lá vai...
- O gerundismo teve sua sentença de morte decretada no Diário Oficial do Distrito Federal. Quando um cacoete desagradável vira factóide político, pode ter certeza que já está de malas prontas para o limbo das pérolas, onde mora "a nível de".
- Uma nova desgraça nos assola... O "mais bem" veio com tudo nesse ano, servindo até de recurso para desqualificar nosso ex-presidente intelequitual. Pouco importa saber que há casos em que "melhor" está errado, se o certo for essa expressão foneticamente desagradável prefiro reescrever a frase inteira e me esquivar desta maledetta. Vamos ver um exemplo, extraído do UOL:
Francamente, será que é tão difícil assim escrever "com uma avaliação melhor/superior às de Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari..."?
Tomara que o novo ano cuide dessa nova praguinha lingüística!
Feliz fim de ano!
- O gerundismo teve sua sentença de morte decretada no Diário Oficial do Distrito Federal. Quando um cacoete desagradável vira factóide político, pode ter certeza que já está de malas prontas para o limbo das pérolas, onde mora "a nível de".
- Uma nova desgraça nos assola... O "mais bem" veio com tudo nesse ano, servindo até de recurso para desqualificar nosso ex-presidente intelequitual. Pouco importa saber que há casos em que "melhor" está errado, se o certo for essa expressão foneticamente desagradável prefiro reescrever a frase inteira e me esquivar desta maledetta. Vamos ver um exemplo, extraído do UOL:
Assim, Dunga aparece como mais bem avaliado do que Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari em períodos de tempo semelhantes no time nacional.
Francamente, será que é tão difícil assim escrever "com uma avaliação melhor/superior às de Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari..."?
Tomara que o novo ano cuide dessa nova praguinha lingüística!
Feliz fim de ano!
domingo, 16 de dezembro de 2007
"Chega de saudade"
Outro dia após uma ensolação escaldante
Vivenciei a minha primeira miragem messiânica
Não surgiram línguas de fogo, nem o diabo a me tentar
Com seu embuste de areia
Porém como em milênios de outrora,
Passei por epifanias enquanto caminhava no
Deserto solitário.
Delirei, louvei...
Transcendi?
O saber técnico contemporâneo
Deve até discordar
E como todo ser totalitário
Imporá sua versão sem espaço para debate.
Passadas as horas do transe
(acordado pelo sol de madrugada)
Fico sem saber mais o que é real
(questiúncula desimportante, aliás)
Só torço para a ninfa de então
Suportar o elemental da água
E que nos reencontremos um dia
No reino da fantasia.
from <__________@gmail.com>
to _______@hotmail.com,
date Dec 14, 2007 9:08 AM
subject "Chega de saudade"
mailed-by gmail.com
Vivenciei a minha primeira miragem messiânica
Não surgiram línguas de fogo, nem o diabo a me tentar
Com seu embuste de areia
Porém como em milênios de outrora,
Passei por epifanias enquanto caminhava no
Deserto solitário.
Delirei, louvei...
Transcendi?
O saber técnico contemporâneo
Deve até discordar
E como todo ser totalitário
Imporá sua versão sem espaço para debate.
Passadas as horas do transe
(acordado pelo sol de madrugada)
Fico sem saber mais o que é real
(questiúncula desimportante, aliás)
Só torço para a ninfa de então
Suportar o elemental da água
E que nos reencontremos um dia
No reino da fantasia.
to _______@hotmail.com,
date Dec 14, 2007 9:08 AM
subject "Chega de saudade"
mailed-by gmail.com
sábado, 15 de dezembro de 2007
Concreto: uma rocha entre rochas - Paul Chadwick
The Road Not Taken - Robert Frost (1874-1963)
TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
[first published in Mountain Interval, 1920]
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
[first published in Mountain Interval, 1920]
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Priorizem as prioridades - BNegão
Pois se a liberdade hoje se parece com 1 cigarro ou com o carro mais potente do mercado
Me desculpe, mas as bolas foram trocadas bem na sua frente
E você nem se tocou; pagou, comprou, levou assim mesmo o seu atual presente: felicidade completa como uma boca sem dente, tão libertário quanto uma bola de ferro com corrente algemada aos seus pés.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
INCOMPREENSÍVEL PARA AS MASSAS -- Maiakóvski
[Um poeminha em homenagem às pessoas que fogem ao comportamento absurdamente típico da maioria (ou da média... que consegue ser ainda mais nefasta que a maioria).]
Entre escritor
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
Não tolera
linhas breves.
E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu
silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para
todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a vós,
a mim,
ao camponês e ao operário.
(Tradução de Haroldo de Campos)
Entre escritor
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
Não tolera
linhas breves.
E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu
silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para
todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a vós,
a mim,
ao camponês e ao operário.
(Tradução de Haroldo de Campos)
domingo, 9 de dezembro de 2007
Eta Carinae
Extraído daqui
Resenha do showzinho... assim que voltarmos dos comerciais!
Eta Carinae está no fim da vida. Com cerca de 2,5 milhões de anos, restam a ela no máximo 500 mil anos. O problema é que a morte da estrela nesse estágio poderá causar um grande impacto na vida da Terra. Estrelas com essa massa morrem como hipernovas, brilhando como todas as estrelas do Universo juntas (100 bilhões de vezes 100 bilhões de sóis). Esse ''flash'' inimaginável emitiria uma rajada de raios gama capaz de abrir um rombo na camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol. Em questão de horas, regiões inteiras do planeta seriam torradas. Como a estrela já está expelindo átomos pesados, essa explosão pode acontecer, literalmente, a qualquer momento.
Resenha do showzinho... assim que voltarmos dos comerciais!
Teclando aleatoriamente
Me lambuzo com esse doce deleite,
Brincando com as palavras,
.Infâmia inconseqüente..
Apresentando aliterações que não
passam de uma desculpa esfarrapada
que justifique o uso da trema.
Me inebria esse quebra-cabeça de orações
subordinadas adversativas com seus múltiplos
caminhos possíveis.
A retórica que pode ser ajustada.
Ora é "tapa de pelica" com afeto
Ou então "esmaga o opressor, aniquila, fulmina"
Falo de palavras com o mesmo fascínio
do exímio espadachim por sua lâmina.
As mãos que anseiam ferir
através da ferramenta cortante.
Mostrando de forma cerimonial toda letalidade latente.
Por vezes sinto um fluxo torrencial de palavras
que exigem serem escritas a um ritmo frenético de
milhares de teclas por minuto,
feito uma submetralhadora de uso exclusivo militar,
que estraçalha a esmo...
Ao arrepio das leis.
Fico então em cárcere privado.
Me acompanham os fonemas e sintaxe
num processo que não parece
ter fim.
Brincando com as palavras,
passam de uma desculpa esfarrapada
que justifique o uso da trema.
Me inebria esse quebra-cabeça de orações
subordinadas adversativas com seus múltiplos
caminhos possíveis.
A retórica que pode ser ajustada.
Ora é "tapa de pelica" com afeto
Ou então "esmaga o opressor, aniquila, fulmina"
Falo de palavras com o mesmo fascínio
do exímio espadachim por sua lâmina.
As mãos que anseiam ferir
através da ferramenta cortante.
Mostrando de forma cerimonial toda letalidade latente.
Por vezes sinto um fluxo torrencial de palavras
que exigem serem escritas a um ritmo frenético de
milhares de teclas por minuto,
feito uma submetralhadora de uso exclusivo militar,
que estraçalha a esmo...
Ao arrepio das leis.
Fico então em cárcere privado.
Me acompanham os fonemas e sintaxe
num processo que não parece
ter fim.
Um diálogo que pode ser vetado
Abaixo transcrevo um post do Reinaldo Azevedo, acompanhada do meu comentário logo em seguida. Como ele modera o debate (assim como eu) em seu bloguinho decidi que caberia colocar aqui só para lembrar...
Que pitizinho mais fora de lugar. Primeiro o sr apelou no titulo para aquela imagem tangencialmente racista (desculpa, eu queria encontrar uma palavra em português que fosse equivalente a "borderline")...
Carnaval pode ser algo meio patético em SP, mas aqui no Rio leva-se muito a sério e realmente faz-se necessário dar um apoio adicional num momento em que o antigo presidente da Liesa (Liga das Escolas de Samba) se encontra no xilindró.
Essa ladainha pseudoliberalista de oposição é muito fraca, sr. Reinaldo... Como tenho algum tempo livre vou aproveitar para descrever todas as medidas que foram tomadas pelo governo (federal, estadual e municipal) para ajudar a melhorar a nossa Festinha Profana:
- A Prefeitura construiu a Cidade do Samba para abrigar os barracões num espaço público com maior potencial turístico (posto que junta todas escolas num mesmo lugar e não fica em área de risco)
- A Polícia Federal desbaratou uma quadrilha que estava envolvida nos mais diversos problemas (e ainda contava com a participação de desembargadores)
- Na órbita estadual implantou-se uma nova política de segurança pública que pode ser resumida de forma bem simples: "Bandido é bandido. Polícia é polícia."
Espero que esses tópicos sejam esclarecedores, mas se for complexo eu posso até desenhar...
Agora para responder às suas críticas sobre falta de accountability (ou responsabilização) e da intervenção estatal...
+ A festa é vista por milhões de pessoas... Se embolsarem a grana vai ficar meio evidente. A princípio a preocupação parece ser simplesmente ocupar o vácuo dos contraventores e não deixar espaço para traficantes (vide o caso do presidente da Estação Primeira de Mangueira com o Beira-Mar)
+ Eu acho bobo quando alguém critica "intervencionismo estatal" quase por reflexo involuntário (como no seu caso). Há algum consenso entre economistas os mais liberais (preferimos o termo "mainstream") de que em alguns setores pode ser interessante os agentes públicos incentivarem atividades. Pense no Carnaval Carioca como uma "indústria nascente". No futuro ela pode até ganhar viabilidade econômica com o patrocínio de grandes empresas (privadas ou não), mas por ora os únicos financiadores particulares são os narcoempreendedores.
Acho que ficou bem claro, agora (heheh)
Abraço.
Samba-do-crioulo-doido. Ou ziriguidum, balacobaco, telecoteco...
Por Nicola Pamplona, no Estadão de hoje. Volto depois:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com a liberação de R$ 12 milhões para as 12 escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca. O dinheiro virá da Petrobrás e das companhias petroquímicas Braskem e Unipar. Segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), um dos objetivos é afastar “más influências” das escolas, que têm histórico de ligação com o jogo do bicho e com o tráfico de drogas. “(As escolas de samba) precisam de autonomia para que más influências não prejudiquem um patrimônio do povo brasileiro”, afirmou Cabral, lembrando que o carnaval foi tombado como patrimônio cultural pelo Ministério da Cultura. Questionado sobre quais seriam as más influências, desconversou: “Qualquer má influência.” (...)
A ajuda às escolas de samba foi definida em reunião ontem pela manhã no Hotel Glória, zona Sul do Rio, com representantes das agremiações e da Petrobrás, além de Gilberto Gil (Cultura). Na saída, Gil admitiu que o apoio do governo pode reduzir a participação da criminalidade no carnaval carioca. “Não é a partir disso que o Ministério da Cultura se move no sentido de um parceiro, mas ajuda. Todo aporte de recursos a ações culturais da comunidade é um fator inibidor dos riscos da ilegalidade, do convívio com a criminalidade”, disse Gil, sem informar como será a fiscalização dos gastos dessa verba.
Assinante lê mais aqui
Voltei
Sei... É a lógica do “eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui, pedindo..”. Imaginem se um evento como o desfile das escolas do Rio precisa de dinheiro oficial... Por quê? Não há ninguém no mercado interessado em patrocinar as escolas? Isso me lembra a conversa mole do financiamento público de campanha: “Ah, se o dinheiro for do Estado, não haverá mais grana ilícita na eleição”. Vocês sabem: é mentira. Sem uma severa punição para o financiamento ilegal, ele continuará a acontecer e vai se somar ao dinheiro público.
A infiltração das escolas pelo narcotráfico é realmente investigada e punida, ou se faz de conta que tudo é muito normal (com receio de prejudicar o espetáculo)? Vocês conhecem a resposta. Aí disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil, com aquela sua sintaxe-elástico, sempre espichando o simples para lhe conferir aparência de complexidade: “Não é a partir disso que o Ministério da Cultura se move no sentido de um parceiro, mas ajuda. Todo aporte de recursos a ações culturais da comunidade é um fator inibidor dos riscos da ilegalidade, do convívio com a criminalidade”.
É uma mentira teórica e prática. Também a cultura pode estar infiltrada pelo crime, especialmente pelo narcotráfico. É o caso dos bailes funk e das escolas de samba. Ademais, note-se: tratam-se R$ 12 milhões como se fossem uma mixaria. Quem vai prestar contas pelo dinheiro? Como? A quem? Com que fiscalização?
Que pitizinho mais fora de lugar. Primeiro o sr apelou no titulo para aquela imagem tangencialmente racista (desculpa, eu queria encontrar uma palavra em português que fosse equivalente a "borderline")...
Carnaval pode ser algo meio patético em SP, mas aqui no Rio leva-se muito a sério e realmente faz-se necessário dar um apoio adicional num momento em que o antigo presidente da Liesa (Liga das Escolas de Samba) se encontra no xilindró.
Essa ladainha pseudoliberalista de oposição é muito fraca, sr. Reinaldo... Como tenho algum tempo livre vou aproveitar para descrever todas as medidas que foram tomadas pelo governo (federal, estadual e municipal) para ajudar a melhorar a nossa Festinha Profana:
- A Prefeitura construiu a Cidade do Samba para abrigar os barracões num espaço público com maior potencial turístico (posto que junta todas escolas num mesmo lugar e não fica em área de risco)
- A Polícia Federal desbaratou uma quadrilha que estava envolvida nos mais diversos problemas (e ainda contava com a participação de desembargadores)
- Na órbita estadual implantou-se uma nova política de segurança pública que pode ser resumida de forma bem simples: "Bandido é bandido. Polícia é polícia."
Espero que esses tópicos sejam esclarecedores, mas se for complexo eu posso até desenhar...
Agora para responder às suas críticas sobre falta de accountability (ou responsabilização) e da intervenção estatal...
+ A festa é vista por milhões de pessoas... Se embolsarem a grana vai ficar meio evidente. A princípio a preocupação parece ser simplesmente ocupar o vácuo dos contraventores e não deixar espaço para traficantes (vide o caso do presidente da Estação Primeira de Mangueira com o Beira-Mar)
+ Eu acho bobo quando alguém critica "intervencionismo estatal" quase por reflexo involuntário (como no seu caso). Há algum consenso entre economistas os mais liberais (preferimos o termo "mainstream") de que em alguns setores pode ser interessante os agentes públicos incentivarem atividades. Pense no Carnaval Carioca como uma "indústria nascente". No futuro ela pode até ganhar viabilidade econômica com o patrocínio de grandes empresas (privadas ou não), mas por ora os únicos financiadores particulares são os narcoempreendedores.
Acho que ficou bem claro, agora (heheh)
Abraço.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Eta Carinae -- Graça Maior
(Dirceu Melo)
Quando o sol surgiu pra mim
Com a sua graça maior
E eu vi que tinha você,
Do meu lado
Percebi que o tempo parou de passar,
Na vida tudo tem seu lugar
Não há um fim pra onde podemos chegar.
Quando o sol surgiu pra mim
Com a sua graça maior
E eu vi que tinha você,
Do meu lado
Percebi que o tempo parou de passar,
Na vida tudo tem seu lugar
Não há um fim pra onde podemos chegar.
sábado, 1 de dezembro de 2007
Reminiscências de 2006
querubim. [do hebr. kerubin, pl. de kerub, atr. do lat. cherubin.] S.f. 3. Fig. Criança muito linda
"Mergulhei na minha vida quando te conheci
Um dia de inverno no meio de qualquer outro."
(Curioso como era sempre assim:
Voltando chato da escola
Indeciso entre ligar a TV ou esperar um milagre.)
"Estávamos..."
(Não, na verdade nunca "estávamos" nada antes!
Podia ser difícil acreditar nessa tristeza
Meio angst indizível e tão juvenil.
Como se fosse uma ilha ou autista
E nunca houvera tratado semelhantes.
Ou talvez – com menos empáfia –, sentira um mundo em possibilidade,
Delirantes maravilhas incríveis.)
"Mas faltavam palavras que coubessem nas horas.
A linguagem engasgava. Palpitação mórbida."
(São tantas versões de fato
Tem aquela – ótima –
Onde simplesmente nos apresentávamos,
Passando uma noite em sociedade anônima
Bebendo e fumando cultura pop.)
(São várias folhas em branco
Escritos os nomes em linhas gerais
E algumas indicações de palco.)
(Confesso que o improviso estranho
Deu sabor meio engraçado
Àquela madrugada de agosto.)
“Melhor seria não fosse o triálogo desequilibrado
A vexar o concerto.”
(Ah, mas isso é puro recalque!
Pra ser sincero,até gostava do cara.
Sem ironia: mais uma vez agradeço,
Com ironia: seu arquétipo tem lugar garantido.)
(Não faço questão de mal nem me desculpo.
Somos (eu, você e o acaso) co-autores
E responsáveis pelos feitos.)
[8-nov-2006 às 16h17min]
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