O resultado das eleições já está definido: 55 500 votos de vantagem para Paes.
É possível que boa parte dos colegas eleitores do Rio tenha votado no candidato que teve menos votos, então como avaliar o resultado? Será que todo esse esforço para exercer nosso dever cívico foi em vão? Em algumas linhas tentarei argumentar que a resposta a essa última pergunta é um sonoro NÃO...
Sei que de partida já pode parecer "papo de perdedor", mas é importante ter em mente que o processo de votação e apuração é apenas uma de diversas etapas do processo eleitoral (que por sua vez representa um momento muito breve e particular da política mais ampla e sempre presente nas nossas vidas). Pois bem, para não ficar perdendo tempo com filosofias e metafísica, vamos aos fatos...
Afirmo que haverá uma composição entre Paes e Gabeira, ou seja, ambos saem vencedores e os perdedores ficam sendo os políticos do século XX que muito pouco fizeram por essa cidade. A analista da GloboNews aventou a possibilidade de Gabeira ter tido uma "derrota eleitoral e vitória política", então como isso pode ser entendido de uma maneira lógica com argumentos bem definidos?
Na edição de sábado último do ex-blog do atual prefeito colocou-se pela primeira vez uma falha grave no atual mecanismo eleitoral brasileiro: Cada eleitor pode, no mesmo dia, votar em sua seção E justificar o não-voto! O pior de tudo é que, se por um lado o sigilo do voto é inviolável, por outro o registro de eleitores que compareceram às urnas e justificaram ausência é aberto, então o TRE-RJ não deve ter dificuldade em efetuar o cruzamento de dados e mapear os eleitores "atípicos" (ausentes e presentes ao mesmo tempo).
Se houve uma diferença de 55 mil votos, bastam 27500 eleitores "atípicos" para melar o processo (para mais informações sobre eleições meladas, ver Bush X Gore na Flórida em 2000). Se ambas as partes estavam cientes dessa "falha" a priori, poderiam ter mobilizado a militância para explorar essa brecha (seria a estratégia "vote e depois pegue a ponte rio-niterói para justificar") como forma de garantir esse trunfo pós-apuração...
Mas a questão é que colocar o processo sub júdice NÃO é bom para ninguém, pois reduz o grau de legitimidade das urnas e ainda impõe custos para realização de um novo pleito, dando como retorno a administração solitária de um eleitorado profundamente dividido. Portanto, o ótimo para ambos é buscar uma barganha política que resulte no compartilhamento de poder. Notem que com esse raciocínio é possível explicar como uma eleição tão acirrada pode resultar numa transição razoavelmente pacífica, mas é certo que quando houver alguma oportunidade para "desvios unilaterais" rentáveis esse acordo de cavalheiros será rompido e provavelmente veremos na mídia local o reflexo desses movimentos de bastidores através de mensaleiros, sanguessugas e outras novidades do folclore político...
Especulando sobre quando haverá o retorno às hostilidades (i.e. quando o equilíbrio com conluio do jogo repetido dos prisioneiros voltará ao seu resultado estático) acho que a data crítica é 2010, com a costura de acordos se iniciando pra valer em outubro de 2009 (quando os políticos precisam definir qual legenda escolherão para o pleito). Até lá, então...
domingo, 26 de outubro de 2008
sábado, 18 de outubro de 2008
Inovações Literárias I - Começando do começo
Confissões de um quase morto-vivo - uma não-ficção paradidática
Saudações! Primeiro gostaria de lhe agradecer pelo imenso privilégio que é ter a SUA atenção exclusiva nessa curiosa empreitada literária. Qualquer escritor há de confirmar como é difícil ser lido por outras pessoas, especialmente pelos analfabetos. Então podemos aproveitar o momento para nos comprazer-nos da oportunidade aproveitada para ter acesso a uma educação minimamente razoável e chegar hoje a um momento bastante peculiar em que podemos iniciar essa comunicação por palavras.
Cuidando ainda de alguns finalmentes, anuncio dois postulados básicos que orientam o modus operandi deste autor zumbi: (1) A verdade não tem dono, (2) É conversando que a gente se entende. Na verdade para ser conceitualmente mais preciso, seria interessante partir de (1) e chegar em (2) dando pequenos passos rigorosos e bem definidos, como numa demonstração matemática. Sim, de fato, há outras maneiras mais herméticas de chegar nas mesmas conclusões, mas confiem em mim, pois um sujeito vivo e morto ao mesmo tempo de repente pode ter razões sólidas para argumentar desta maneira em vez de outra. Mas o interessante é que ao considerarmos (1) e (2) torna-se interessante abrir o espaço para interpretações divergentes da realidade e poucas coisas podem ser tão agradáveis quanto o debate. Sendo assim, disponibilizo o endereço do meu sítio virtual. Nos comentários aos posts teremos um fórum adequado para dialogar (se bem que sou suspeito para falar, pois quem manda lá sou eu! hehe)
Feitos os agradecimentos e o marketing pessoal é chegado o momento de dizer exatamente quem sou, o que fiz e tentar satisfazer a clientela da melhor maneira possível...
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Tacada #1 - Identidade
Me chamo Flávio. Pois bem, na verdade como a maioria das pessoas eu tenho um documento de identificação com um monte de outras informações, mas o que importa mesmo é que a maioria das pessoas me conhece como "flávio", puro e simples.
Sou o protagonista e autor destas confissões e sendo assim será necessário explicar meu status de morto-vivo. Notem que essa definição no início pode não fazer lá muito sentido, por isso é bom ter paciência e acreditar no narrador ou então desistir e buscar algo melhor para fazer (pelo que vejo nas livrarias cariocas do início do século XXI, a auto-ajuda continua dominando os mais vendidos). Aqueles com maior quilometragem literária devem naturalmente ter um pouco de ceticismo e podem até fazer a comparação com os meus antepassados, a dupla Brás-Machado. Antes de mais nada, é fácil chegar a um consenso e afirmar categoricamente que a analogia é banal, pois requer uma meia dúzia de bits e um processador vagabundo. Ou seja, um calouro de programação deve ser capaz de, em poucas horas, escrever um código que vasculhe um site como o da amazon.com para separar todos os cem títulos que apresentam a mesma temática central (ouvi dizer outro dia que o Brás fora inspirado num certo Tristram Shandy e achei a acusação de plágio atribuída ao bruxo do Cosme Velho absurdamente pueril). Mas deixemos os apartes de lado.
Há uma vasta gama de trabalhos que têm como foco vida e morte. E isso tem uma explicação bastante simples. Nós vivemos, um dia morreremos e temos quase que uma compulsão por partilhar histórias. E só. Se no ano do centenário da morte de Machado de Assis aproveitamos essa oportunidade para relê-lo e descobrimos que anos antes um certo Laurence Sterne inventara um narrador galhofeiro e descompromissado (pois morto se encontra) não vejo motivo para pânico. O lugarzinho dele entre os grandes seres humanos brasileiros está garantido e eu aposto que meus bisnetos acompanharão as festividades do segundo centenário de sua morte em 2108, confirmando mais uma vez o que as suspeitas do próprio escritor das Memórias Póstumas: "É só escrever uns livrinhos aí, assinar tudo, depois fundar uma ABL (que nem a de Paris) e pronto! mais dia menos dia viro imortal... Bela idéia, Machado... Bela idéia, meu caro..."
Como diz o subtítulo, esta obra é uma "não-ficção", portanto não pretendo perder tempo fazendo ilações a respeito dos pensamentos íntimos de autores mestiços e subdesenvolvidos de 1800 e tal. Prefiro focar na minha verdade particular enquanto sujeito mestiço e subdesenvolvido do novo milênio... Então voltemos à discussão inicial do que vem a ser um "morto-vivo".
Definição 1
vivo - característica peculiar àquilo que possui capacidades cognitivas e que segue uma trajetória com um ponto inicial (nascimento) e um terminal (morte).
Definição 2
morto - o não-vivo.
Parece meio óbvio, mas é bom que seja assim, pois com definições concisas e claras a gente ainda pode ir muito longe. A maioria dos leitores que não teve acesso a uma formação menos humana e mais exata provavelmente não faz a menor idéia do que é uma derivada, então prefiro dar uma intuição básica e depois deixo algumas referêlncias básicas ao final deste raciocínio (o vídeo do YouTube é ótimo...). A derivada é uma informação resumida de uma função matemática. Considere então um automóvel que segue uma trajetória ao longo do tempo que podemos descrever por meio de uma função c(t), com t variando de 0 a T (lê-se "de zero a tê maiúsculo" e não "tesão", isso é matemática, seus pervertidos!). O que importa é que a tal da derivada é um jeito que eu tenho de ter alguma idéia da cara dessa tal função, quando ela for desconhecida. Considere um problema onde é dado o ponto de partida, o ponto de chegada e uma velocidade constante. A velocidade é a derivada de c(t) no contexto automobilístico acima. O grande barato da matemática não é simplesmente fazer um monte de contas, mas tentar representar fenômenos os mais variados de um modo elegante, simples e conciso (é um ramo do conhecimento bastante minimalista).
Se afirmo que sou um morto-vivo é porque acredito que ao longo da minha trajetória pessoal de vida, passei por diversos episódios onde a morte foi a protagonista. E a minha estratégia de sobrevivência basicamente foi "matar a morte e dissecar seu cadáver com muita atenção e respeito". Um título alternativo seria "Lições de anatomia das muitas mortes do flávio", mas convenhamos, seria ainda mais umbigocêntrico do que já é...
Tacada #2 - Bibliografia
Tacada #3 - Machadadas no fio da navalha
Tacada #4 - Copidescando a Loucura Sativa da Donzela Poética
Tacada #5 - São José dos Manos
Tacada #6 - Uma fundação para honrar suicidas
Tacada #7 - Mistérios de Minas
Tacada #8 - Política (de todos e de quase ninguém)
Tacada #9 - Economíadas e o desvario de ciências sociais
Tacada #10 - Sobre guerras e crises (ou O Espólio de Aquiles)
Tacada #11 - O desfecho da ressurreição para a imortalidade
(obs: essa estrutura seria a linha mestra da obra, sujeita a mudanças e adições com o passar do tempo)
Saudações! Primeiro gostaria de lhe agradecer pelo imenso privilégio que é ter a SUA atenção exclusiva nessa curiosa empreitada literária. Qualquer escritor há de confirmar como é difícil ser lido por outras pessoas, especialmente pelos analfabetos. Então podemos aproveitar o momento para nos comprazer-nos da oportunidade aproveitada para ter acesso a uma educação minimamente razoável e chegar hoje a um momento bastante peculiar em que podemos iniciar essa comunicação por palavras.
Cuidando ainda de alguns finalmentes, anuncio dois postulados básicos que orientam o modus operandi deste autor zumbi: (1) A verdade não tem dono, (2) É conversando que a gente se entende. Na verdade para ser conceitualmente mais preciso, seria interessante partir de (1) e chegar em (2) dando pequenos passos rigorosos e bem definidos, como numa demonstração matemática. Sim, de fato, há outras maneiras mais herméticas de chegar nas mesmas conclusões, mas confiem em mim, pois um sujeito vivo e morto ao mesmo tempo de repente pode ter razões sólidas para argumentar desta maneira em vez de outra. Mas o interessante é que ao considerarmos (1) e (2) torna-se interessante abrir o espaço para interpretações divergentes da realidade e poucas coisas podem ser tão agradáveis quanto o debate. Sendo assim, disponibilizo o endereço do meu sítio virtual
Feitos os agradecimentos e o marketing pessoal é chegado o momento de dizer exatamente quem sou, o que fiz e tentar satisfazer a clientela da melhor maneira possível...
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Tacada #1 - Identidade
Me chamo Flávio. Pois bem, na verdade como a maioria das pessoas eu tenho um documento de identificação com um monte de outras informações, mas o que importa mesmo é que a maioria das pessoas me conhece como "flávio", puro e simples.
Sou o protagonista e autor destas confissões e sendo assim será necessário explicar meu status de morto-vivo. Notem que essa definição no início pode não fazer lá muito sentido, por isso é bom ter paciência e acreditar no narrador ou então desistir e buscar algo melhor para fazer (pelo que vejo nas livrarias cariocas do início do século XXI, a auto-ajuda continua dominando os mais vendidos). Aqueles com maior quilometragem literária devem naturalmente ter um pouco de ceticismo e podem até fazer a comparação com os meus antepassados, a dupla Brás-Machado. Antes de mais nada, é fácil chegar a um consenso e afirmar categoricamente que a analogia é banal, pois requer uma meia dúzia de bits e um processador vagabundo. Ou seja, um calouro de programação deve ser capaz de, em poucas horas, escrever um código que vasculhe um site como o da amazon.com para separar todos os cem títulos que apresentam a mesma temática central (ouvi dizer outro dia que o Brás fora inspirado num certo Tristram Shandy e achei a acusação de plágio atribuída ao bruxo do Cosme Velho absurdamente pueril). Mas deixemos os apartes de lado.
Há uma vasta gama de trabalhos que têm como foco vida e morte. E isso tem uma explicação bastante simples. Nós vivemos, um dia morreremos e temos quase que uma compulsão por partilhar histórias. E só. Se no ano do centenário da morte de Machado de Assis aproveitamos essa oportunidade para relê-lo e descobrimos que anos antes um certo Laurence Sterne inventara um narrador galhofeiro e descompromissado (pois morto se encontra) não vejo motivo para pânico. O lugarzinho dele entre os grandes seres humanos brasileiros está garantido e eu aposto que meus bisnetos acompanharão as festividades do segundo centenário de sua morte em 2108, confirmando mais uma vez o que as suspeitas do próprio escritor das Memórias Póstumas: "É só escrever uns livrinhos aí, assinar tudo, depois fundar uma ABL (que nem a de Paris) e pronto! mais dia menos dia viro imortal... Bela idéia, Machado... Bela idéia, meu caro..."
Como diz o subtítulo, esta obra é uma "não-ficção", portanto não pretendo perder tempo fazendo ilações a respeito dos pensamentos íntimos de autores mestiços e subdesenvolvidos de 1800 e tal. Prefiro focar na minha verdade particular enquanto sujeito mestiço e subdesenvolvido do novo milênio... Então voltemos à discussão inicial do que vem a ser um "morto-vivo".
Definição 1
vivo - característica peculiar àquilo que possui capacidades cognitivas e que segue uma trajetória com um ponto inicial (nascimento) e um terminal (morte).
Definição 2
morto - o não-vivo.
Parece meio óbvio, mas é bom que seja assim, pois com definições concisas e claras a gente ainda pode ir muito longe. A maioria dos leitores que não teve acesso a uma formação menos humana e mais exata provavelmente não faz a menor idéia do que é uma derivada, então prefiro dar uma intuição básica e depois deixo algumas referêlncias básicas ao final deste raciocínio (o vídeo do YouTube é ótimo...). A derivada é uma informação resumida de uma função matemática. Considere então um automóvel que segue uma trajetória ao longo do tempo que podemos descrever por meio de uma função c(t), com t variando de 0 a T (lê-se "de zero a tê maiúsculo" e não "tesão", isso é matemática, seus pervertidos!). O que importa é que a tal da derivada é um jeito que eu tenho de ter alguma idéia da cara dessa tal função, quando ela for desconhecida. Considere um problema onde é dado o ponto de partida, o ponto de chegada e uma velocidade constante. A velocidade é a derivada de c(t) no contexto automobilístico acima. O grande barato da matemática não é simplesmente fazer um monte de contas, mas tentar representar fenômenos os mais variados de um modo elegante, simples e conciso (é um ramo do conhecimento bastante minimalista).
Se afirmo que sou um morto-vivo é porque acredito que ao longo da minha trajetória pessoal de vida, passei por diversos episódios onde a morte foi a protagonista. E a minha estratégia de sobrevivência basicamente foi "matar a morte e dissecar seu cadáver com muita atenção e respeito". Um título alternativo seria "Lições de anatomia das muitas mortes do flávio", mas convenhamos, seria ainda mais umbigocêntrico do que já é...
Tacada #2 - Bibliografia
Tacada #3 - Machadadas no fio da navalha
Tacada #4 - Copidescando a Loucura Sativa da Donzela Poética
Tacada #5 - São José dos Manos
Tacada #6 - Uma fundação para honrar suicidas
Tacada #7 - Mistérios de Minas
Tacada #8 - Política (de todos e de quase ninguém)
Tacada #9 - Economíadas e o desvario de ciências sociais
Tacada #10 - Sobre guerras e crises (ou O Espólio de Aquiles)
Tacada #11 - O desfecho da ressurreição para a imortalidade
(obs: essa estrutura seria a linha mestra da obra, sujeita a mudanças e adições com o passar do tempo)
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