De dia e de noite vozes esparsas indagam errantes:
−Que vês na poesia?
Arte simplória de palavras cinésias,
Embuste retinto ludibriando leitores,
Revoltas num autorama de brinquedo oxidado,
Proposta de outra vida, entrelinhas.
Por que se alimentas da poesia?
Minha sina remonta a tempos longínquos,
Emana a presença da busca por caminho;
Juventude imaculada pelo ódio, amor e virtude,
Fruto de desavenças apenas vistas,
Um paradoxo inexistente a me iludir…
−Poeta malandro! que enrola e se esquiva,
Responde! Responde! Pra quê inventar poesia?
Vidas, pessoas, fantasias são como cartas em um baralho;
Normalmente se confundem, às vezes se destacam.
−Agora foges dissimulado, petulante…
Que mal há nas interrogações?
Que dor é essa que em suas elipses se expõe?
O estudo das coisas e ponto
Não traz o conforto, apenas benfeitoria.
A conivência de amores em chama
Desfaz o remoto e apenas definha.
Um salário, dois carros, renome e um Porsche
Tudo que é ou não é Nada… a nada expia.
De repente só durmo acordado
E o meu peito em prelúdio constante vigia,
Percebe a presença das liras e confirma:
− “Como eu gosto e desgosto essa voraz poesia!”
[ 27-jul-2002 ]
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
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